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Política

No Telegram, bolsonaristas se dividem entre apoiar Roberto Jefferson e desvinculá-lo do presidente

23 out 2022 - 18h52
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A resistência do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) ao cumprimento de decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), que teve tiros de fuzil disparados e granadas deflagradas contra policiais federais, dividiu comunidades de Telegram em apoio a Jair Bolsonaro (PL), aliado do ex-parlamentar, durante este domingo (23).

  • Até as 15h52, foram 224 mensagens sobre o tema, totalizando 843 compartilhamentos em 191 grupos monitorados pelo Radar Aos Fatos;
  • Grande parte (43%) das mensagens trazia informações sobre o caso, sem emitir opinião;
  • Pelo menos 83 mensagens (37%) expressavam apoio expresso às ações de Roberto Jefferson;
  • Outras 44 mensagens (20%) repudiavam as atitudes do ex-deputado.

Entre as mensagens de apoio a Jefferson, uma corrente que circulou em 15 comunidades caracterizava a decisão do STF como "ilegal" e trazia vídeo em que Jefferson diz que resistiria à prisão.

Pelo menos 13 mensagens, encaminhadas 42 vezes, convocavam pessoas a irem à casa de Jefferson, compartilhando o endereço e um vídeo gravado pela ex-deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ), filha dele. Ela teve a conta do Twitter suspensa por decisão judicial neste domingo (23), após publicar vídeo em que o pai faz ofensas misóginas contra a ministra Cármen Lúcia, do STF.

Por outro lado, bolsonaristas contrários à atitude do ex-deputado tentavam negar ou afastar as ligações dele com Bolsonaro — durante o dia, o candidato à reeleição adotou discurso semelhante e chegou a dizer que não tem fotos com o aliado, o que é mentira.

"Roberto Jefferson é de direita, mas não é do partido do Bolsonaro", dizia corrente que circulou em 29 grupos. Outras mensagens ainda alegavam que a reação de Jefferson seria parte de uma armação para prejudicar a campanha do presidente à reeleição.

Corrente insinua que Roberto Jefferson reagiu à prisão para atrapalhar live de Bolsonaro
Corrente insinua que Roberto Jefferson reagiu à prisão para atrapalhar live de Bolsonaro
Foto: Aos Fatos

Bolsonaro se posicionou sobre o caso no Twitter e durante live neste domingo (23). O presidente repudiou tanto as ações de Jefferson quanto o inquérito do qual o ex-deputado é alvo e tentou se distanciar dele. A fala dele também repercutiu no Telegram, sendo compartilhada em 22 mensagens que foram encaminhadas 86 vezes.

O que se sabe até agora. Dois policiais federais ficaram feridos por estilhaços de vidro ocasionados por tiros de fuzil e granadas deflagradas por Jefferson. Os agentes tiveram ferimentos leves e já receberam alta do hospital. O ex-deputado resistiu ao cumprimento de uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) determinando que ele perca o direito à prisão domiciliar, na cidade de Comendador Levy Gasparian (RJ).

A Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal classificou o ato como "absurdo atentado" e acrescentou que "é totalmente inaceitável qualquer tipo de violência contra policiais federais, em especial no cumprimento do dever legal estabelecido pela Constituição Federal".

Até a publicação deste texto, Roberto Jefferson ainda não havia se entregado à polícia. No final da tarde, Bolsonaro determinou que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, fosse até o local.

No Twitter, o ministro disse que a pasta comandada por ele está empenhada "em apaziguar essa crise, com brevidade, e da melhor forma possível". Segundo a GloboNews, a ida do ministro a Comendador Levy Gasparian (RJ) seria uma condição imposta por Jefferson para se entregar à polícia.

Uma pequena multidão se aglomerou no local desde então. Um dos presentes é Kelmon Luís da Silva Souza (PTB), que substituiu Jefferson como candidato à Presidência pelo PTB com o nome Padre Kelmon e atuou como linha auxiliar de Bolsonaro nos debates.

Preso preventivamente em agosto de 2021, no âmbito do inquérito das milícias digitais, Jefferson descumpriu condições de sua prisão domiciliar, como não usar redes sociais e não ter armas em casa — o que é proibido a todos os presos domiciliares.

Aos Fatos
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