Nos dois anos dos ataques golpistas, 21 obras restauradas são devolvidas ao acervo da Presidência
Governo realizou cerimônia no Palácio do Planalto na manhã desta quarta-feira, 8, com presença de Lula, Janja, Alckmin e outras autoridades
Obras de arte que foram vandalizadas por golpistas nos atos antidemocráticos ocorridos em 8 de janeiro de 2023 foram reintegradas ao acervo da Presidência, na manhã desta quarta-feira, 8, em uma cerimônia no Palácio do Planalto. O evento contou com a presença do presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), da primeira-dama, Janja Lula da Silva, do vice-presidente, Geraldo Alckmin, da vice-primeira-dama, Lu Alckmin, da ministra da Cultura, Margareh Menezes, do embaixador da Suíça no Brasil, Pietro Lazzeri, entre outras autoridades.
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"Dois anos após a tentativa de destruição da nossa democracia e dos prédios que simbolizam os poderes da República, estamos aqui não para lamentar, mas muito menos para esquecer. Estamos aqui para celebrar e reforçar a democracia e para integrar ao povo brasileiro seu patrimônio inteiramente restaurado", disse Janja, na abertura da cerimônia.
"Diante da destruição dos vidros, do mobiliário e das obras de arte do Palácio do Planalto, nos colocamos, sob a orientação e liderança do Presidente Lula, à tarefa de restaurar o Palácio como símbolo da força do nosso compromisso com a democracia. Isso foi expresso pelas lágrimas das trabalhadoras e trabalhadores do Palácio do Planalto, após verem o espaço que cuidam com tanto afeto, tanto amor e tanta dedicação, ser tratado de forma tão desumana. Em cima dessas lágrimas, a reconstrução se fez. É também para essas trabalhadoras e trabalhadores que entregamos com muita alegria as obras restauradas. Aquelas lágrimas hoje se transformaram em sorrisos pela certeza de que, juntos e juntas, mantivemos a democracia firme", acrescentou a primeira-dama.
Segundo o governo, 21 obras restauradas foram entregues no Palácio da Alvorada. Duas delas foram destacadas na cerimônia: uma ânfora italiana em cerâmica esmaltada, que estava com 180 fragmentos catalogados após os ataques, e o relógio de mesa fabricado por Balthazar Martinot e André Boulle no século XVII, que pertenceu a Dom João VI. O relógio histórico teve de ser enviado à Suíça para ser consertado. Os dois itens são tidos como símbolos da dificuldade e delicadeza do processo de reparo.
"Nós estamos convencidos da importância de proteger o patrimônio cultural e artístico, que forma uma identidade do País, assim como a história e também os nossos valores comuns. É um dia de alegria, mas também de reflexão. É uma grande satisfação ver que a nossa colaboração atinge esse objetivo hoje aqui no Palácio do Planalto. São tempos desafiadores, complexos. Eu acho que é fundamental valorizar e cuidar das nossas relações, da nossa amizade, dos nossos direitos humanos e das nossas democracias. Que são delicadas e, ao mesmo tempo, resilientes, como esse relógio que volta aqui, hoje, no coração do Brasil", declarou o embaixador da Suíça no Brasil, Pietro Lazzeri.
Na cerimônia, foi revelada ainda a obra As Mulatas, de Emiliano Di Cavalcanti. Durante os ataques antidemocráticos, a obra sofreu sete punhaladas. Alunos do Projeto de Educação Patrimonial também entregaram ao presidente Lula réplica que produziram de As Mulatas.
A restauração das obras teve início em 2 de janeiro de 2024, com a montagem de um laboratório de restauração do Palácio da Alvorada, e foi viabilizada por meio de Acordo de Cooperação Técnica, por meio da Diretoria Curatorial dos Palácios Presidenciais e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que estabeleceu parceria com a Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
Lista de obras restauradas
- Relógio de mesa, de Balthazar Martinot e André Boulle;
- Ânfora italiana em cerâmica esmaltada;
- Escultura O Flautista, de Bruno Giorgi;
- Escultura Vênus Apocalíptica Fragmentando-se, de Marta Minujín;
- Quadro com a pintura As Mulatas, de Emiliano Di Cavalcanti;
- Quadro com pintura do retrato de Duque de Caxias, de Oswaldo Teixeira;
- Quadro representando galhos e sombras, de Frans Krajcberg;
- Quadro com a pintura Fachada Colonial Rosa com Toalha;
- Quadro com a pintura Casarios, de Dario Mecatti;
- Quadro com a pintura Cena de Café, de Clóvis Graciano;
- Quadro com a pintura Paisagem, de Armando Viana;
- Pintura de Glênio Bianchetti;
- Pintura de Glênio Bianchetti;
- Pintura de Glênio Bianchetti;
- Pintura de Glênio Bianchetti;
- Pintura de Glênio Bianchetti;
- Quadro com a pintura Matriz e Grade no primeiro plano, de Ivan Marquetti;
- Quadro Rosas e Brancos Suspensos, de José Paulo Moreira da Fonseca;
- Tela Cotstwold Town, de John Piper;
- Tela de Grauben do Monte Lima;
- Tela Bird, de Martin Bradley.
Outras etapas da cerimônia
A reintegração das obras de arte é a primeira parte de uma cerimônia organizada pelo governo federal em memória ao episódio de 8 de janeiro de 2023 quando golpistas depredaram a Praça dos Três Poderes. O evento contará com outras etapas, sendo que todas ocorrerão nesta quarta-feira.
A próxima também é no Palácio do Planalto, com a presença de autoridades no Salão Nobre. Na sequência, será feito um ato simbólico chamado "Abraço da democracia" na Praça dos Três Poderes. O presidente descerá a rampa do Palácio do Planalto com as principais autoridades e encontrará o público para esse abraço.