Novo advogado de Braga Netto diz que general quer depor 'imediatamente' à PF
Militar foi preso no último sábado, 14, por suspeita de obstrução à Justiça
José Luís de Oliveira Lima, novo advogado do general da reserva Walter Braga Netto, afirmou nesta quinta-feira, 19, que o militar está "sereno" e que ele solicitou depor "imediamente" à Polícia Federal. Braga Netto foi preso no último sábado, 14, por suspeita de tentar atrapalhar as investigações do inquérito do golpe de Estado.
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A troca foi oficializada no sistema do Supremo Tribunal Federal (STF) na tarde de quarta-feira, 18, a pedido da família do militar. "O general está sereno, lógico que desconfortável com a atual situação. Ele respeita o Judiciário e confia que sua inocência será provada, tanto que pediu para depor imediamente", disse o criminalista ao O Globo. José Luís, também conhecido por Juca, substituiu o defensor Luis Henrique Prata.
Juca também descartou a possibilidade de colaboração premiada. "Ele não irá celebrar nenhum acordo, uma vez que não praticou nenhum ilícito. Nosso primeiro ato foi pedir para que ele seja ouvido pela Polícia Federal para esclarecer todas as mentiras e restabelecer a verdade", completou.
A defesa de Braga Netto pretende questionar a validade dos depoimentos do tenente-coronel Mauro Cid. Em delação premiada, Cid contou à PF que o general planejou o suposto plano de golpe de Estado, para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder, em uma reunião na sua casa.
Além disso, Braga Netto teria repassado dinheiro para o suposto financiamento das ações. Ele passou a ser chamado de "o arquiteto do golpe" pela PF.
"A delação do Mauro Cid consegue ser pior do que as piores ilegalidades da Lava Jato. Seu acordo deveria ter sido rescindido faz tempo, ele muda de versão toda hora. É uma ficção que no momento oportuno será desmacarada. Ele é um homem desesperado e, para não pagar pelso seus erros, imputou condutas inexistentes ao general Braga Netto," argumentou o advogado de defesa.
Juca já defendeu nomes como o ex-ministro José Dirceu e o médico Roger Abdelmassih. O criminalista também atuou na defesa do ex-presidente da construtora OAS Léo Pinheiro em processos ligados à Lava Jato.
Braga Netto é um dos 40 indiciados pela Polícia Federal por golpe de Estado, organização criminosa e abolição violenta do Estado de direito. Durante a operação, a PF encontrou uma apresentação, em um dos computadores apreendidos na sala dos assessores do general, que teria sido usada por ele em palestras em clubes militares para pressionar uma suposta adesão ao golpe.