Nunes afirma que Moraes caiu em uma ‘armadilha’ sobre muro na Cracolândia em SP
Prefeito de São Paulo acredita que ministro do STF esteja sendo usado “politicamente”
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), caiu em uma “armadilha” ao questionar a construção de um muro na região da Cracolândia. O pedido da retirada do muro foi feito pelo PSOL na semana passada, e logo na sequência, o magistrado pediu explicações à administração municipal.
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Na quinta-feira, 17, a corte pediu para a gestão explicar em 24 horas a finalidade da construção da barreira naquele local. De acordo com a CNN Brasil, Nunes afirmou nesta terça, 21, durante uma coletiva realizada após a formatura de 500 novos guardas civis, que a notificação chegou para a Procuradoria-Geral do Município na segunda, 20.
Segundo o prefeito, a resposta foi enviada hoje ao STF, na qual ele pediu para a procuradora Luciana Sant’Ana Nardi incluir imagens do local. Para ele, Moraes está sendo usado “politicamente”.
“Para ele ver como está sendo, de uma certa forma, usado politicamente com esse tema, de que esse muro foi em maio do ano passado, porque as pessoas, que estão fazendo essa ação não vão lá há quase um ano, né? E a gente vai lá todo dia. Então que ele nos dê apoio, porque estamos lá todos os dias trabalhando, diminuindo o número de dependentes, ofertando a eles, possibilidade de tratamento. E com esses dados… o ministro Alexandre de Moraes deve ter uma série de ocupações, utilizar do tempo dele e cair numa armadilha dessas?”, questionou.
Nunes afirma no documento que a construção do muro teve a intenção de evitar acidentes, como atropelamentos, e não segregar o direito de ir e vir das pessoas em situação de rua e dependência. “Os tapumes foram substituídos porque, como comprovam as fotografias, não apresentavam resistência adequada e eram constantemente danificados, quebrados em partes pontiagudas, oferecendo risco de ferimentos às pessoas em situação de vulnerabilidade, moradores e pedestres, além de prejudicar a circulação nas calçadas."
Ainda segundo o prefeito, a estrutura foi projetada de uma maneira que não inviabilizasse o acesso de profissionais da saúde e assistentes sociais, bem como organizações humanitárias que prestam serviços à população.
Ação contra muro
Na quarta-feira, 15, parlamentares do PSOL acionaram o Supremo pedindo a demolição da estrutura na Rua dos Protestantes e na Rua dos Gusmões, que transformou a região em uma espécie de triângulo cercado.
“Ao erigir um muro que isola e exclui socialmente as pessoas que vivem na Cracolândia, a municipalidade comete um ataque brutal e inconstitucional contra o conjunto dos direitos fundamentais consagrados pela Constituição Federal, negando a dignidade humana e violando princípios basilares de igualdade, liberdade e acesso a direitos essenciais”, diz trecho do ofício enviado ao STF.
O muro de cerca de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura delimita a área onde se concentram os usuários de drogas na região central da capital. * Com informações do Estadão Conteúdo.