O que a PF apreendeu na casa e no gabinete de Carlos Jordy na Lesa Pátria; veja os itens
Investigadores da PF apreenderam celulares, computador e uma pistola Taurus com carregadores e munição em endereços do deputado federal, que é líder da oposição na Câmara dos Deputados
BRASÍLIA - O deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ) foi um dos alvos da 24º fase da Operação Lesa Pátria, que foi deflagrada pela Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira, 18. Os investigadores fizeram buscas e apreensões no gabinete do parlamentar na Câmara dos Deputados e na residência dele em Niterói, na região metropolitana do Rio. Os policiais apreenderam telefones celulares, computador e o passaporte do parlamentar. Também foi levada uma pistola Taurus, dois carregadores e munições.
O armamento apreendido está legalizado, mas o mandado de busca, expedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, ordenou que fossem coletados artefatos bélicos em situação regular ou não.
O deputado federal prestou depoimento na Superintendência da PF, no Rio, nesta quinta. O parlamentar afirmou que não conhecia nenhum envolvido no 8 de Janeiro e classificou o mandado de busca e apreensão como "uma pesca probatória com viés político".
"Eu tenho muita tranquilidade. A não ser que estejam fazendo alguma armação para mim. E tudo me leva a crer que é isso. É uma pesca probatória com viés político. Não conheço ninguém que esteve no 8 de Janeiro. Eu não tenho nada que possa me incriminar. Não existem essas mensagens. Isso, nós vamos provar", disse Jordy.
Deputado trocou mensagens com extermista que organizou atos antidemocráticos no interior do Rio
As suspeitas da participação de Jordy nos atos antidemocráticos surgiram após os investigadores descobrirem um diálogo do parlamentar com um extremista no dia 1º de novembro de 2022, 24 horas depois do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vencer Bolsonaro nas eleições presidenciais. Após a divulgação do resultado dos pleitos, bolsonaristas começaram a realizar bloqueios em rodovias espalhadas pelo País.
No diálogo, Carlos Victor de Carvalho, mais conhecido como "CVC", chama Jordy de "meu líder' e pede um direcionamento quanto a "parar tudo". CVC é apontado pelos investigadores como uma 'liderança de extrema-direita, responsável por administrar mais de 15 grupos de WhatsApp com temáticas extremistas, havendo robustos elementos de que ele organizou eventos antidemocráticos em Campos dos Goytacazes', no Rio.
Os investigadores apontam que CVC possui "fortes ligações" com o líder da oposição na Câmara. Para a PF a relação entre os dois "extrapola o vínculo político, denotando que o parlamentar tinha o poder de ordenar as movimentações antidemocráticas, seja pelas redes sociais ou agitando a militância".
A PF concluiu também que CVC tinha o hábito de trocar mensagens com um contato telefônico nomeado "Jordy Deputado Federal". Os investigadores resgataram uma conversa entre o extremista e o parlamentar com 627 registros, incluindo texto, áudios, anexos e ligações por WhatsApp.
Jordy é o primeiro parlamentar federal a ser alvo de busca e apreensão na Operação Lesa Pátria
Os alvos da nova fase da Operação Lesa Pátria foram pessoas investigadas por planejar, financiar e incitar atos antidemocráticos que ocorreram entre outubro de 2022 e o início do ano de 2023 no interior do Rio. Ao todo, foram cumpridas dez ordens de busca e apreensão, sendo oito no território fluminense e duas no Distrito Federal.
Jordy é o líder da oposição na Câmara dos Deputados e se tornou o primeiro parlamentar federal a ser alvo de busca e apreensão na Operação Lesa Pátria. Ele faz parte da "tropa de choque" bolsonarista no Congresso e é um dos mais aguerridos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em 2016, foi eleito vereador de Niterói, sua cidade natal. Dois anos depois, candidatou-se a deputado federal pelo Rio e foi eleito com 204.048 votos. Em 2022, foi reeleito com 114.587 votos.
Nas primeiras fases, a PF prendeu bolsonaristas que conseguiram escapar da prisão em flagrante no dia 8 de janeiro. Com o avanço da investigação, os policiais começam a fechar o cerco a pessoas acusadas e financiar e articular dos atos golpistas. Em entrevista ao Estadão, no início do ano, Moraes afirmou o trabalho segue até que todos os envolvidos sejam responsabilizados, incluindo agentes públicos e autoridades.