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Política

O que é 'pedalada fiscal', manobra que volta à tona após bloqueio do TCU ao 'drible' do governo Lula

TCU suspendeu manobra do governo Lula que mantinha repasses ao Pé-de-Meia à margem das regras fiscais; oposição fala em 'pedalada' e impeachment

23 jan 2025 - 11h04
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O Tribunal de Contas da União (TCU) suspendeu nesta quarta-feira, 22, o uso de recursos oriundos de fundos privados no Pé-de-Meia. A decisão da Corte de Contas, na prática, veda a forma como o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vinha financiando o programa social desde o ano passado.

Segundo o entendimento do TCU, a gestão do petista operou "dribles" ao Orçamento da União, utilizando recursos de fundos privados para bancar o Pé-de-Meia à margem das regras fiscais. A Advocacia-Geral da União (AGU) recorre da decisão.

Fachada do Tribunal de Contas da União, em Brasília
Fachada do Tribunal de Contas da União, em Brasília
Foto: Dida Sampaio/Estadão / Estadão

Após a Corte de contas identificar os "dribles" fiscais da gestão Lula, a oposição ao governo trouxe à tona o termo "pedalada fiscal", manobra no Orçamento público que embasou o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

"Todos os indícios caminham para configurar uma pedalada fiscal. O Congresso precisa cumprir seu dever constitucional neste caso", afirmou a senadora e ex-ministra Damares Alves (Republicanos-DF) no X (antigo Twitter).

O que foram as pedaladas fiscais de Dilma?

As "pedaladas ficais" de Dilma, reveladas pelo Estadão em 2014, consistiram no atraso dos repasses do Tesouro Nacional para bancos públicos e privados e autarquias federais. Ao deixar de transferir o dinheiro, o governo federal ludibriava o resultado das contas públicas, apresentando despesas artificialmente menores do que os valores reais.

Dilma Rousseff andando de bicicleta no Palácio da Alvorada, em Brasília, quando era presidente
Dilma Rousseff andando de bicicleta no Palácio da Alvorada, em Brasília, quando era presidente
Foto: Dida Sampaio/Estadão / Estadão

O TCU instaurou uma auditoria e comprovou a existência das "pedaladas" e a prática de crime fiscal. Segundo um parecer do procurador Júlio Marcelo de Oliveira, do Ministério Público junto ao TCU (MP-TCU), mesmo com o atraso dos repasses do Tesouro, a Caixa Econômica Federal continuou a arcar com os programas sociais do governo, como o Bolsa Família e o seguro-desemprego. Para tal, na prática, o banco público precisou utilizar recursos próprios. De acordo com o parecer, a Lei de Responsabilidade Fiscal proíbe que uma instituição financeira pública, como a Caixa, "financie" seu controlador, o Tesouro Nacional.

As "pedaladas" embasaram o impeachment de Dilma Rousseff, instaurado por Eduardo Cunha, então presidente da Câmara dos Deputados, em dezembro de 2015. A abertura do processo foi aceita pela Casa em abril de 2016, decisão que levou Dilma a ser afastada do cargo. O Senado cassou a presidente em agosto de 2016.

Lula cometeu pedalada fiscal?

A decisão do TCU sobre o financiamento do Pé-de-Meia não envolve atrasos nos repasses ao programa social. A Corte de Contas proibiu o uso de recursos provenientes de fundos privados para financiar o programa social. O governo Lula vinha operando uma manobra no Orçamento que mantinha os recursos da iniciativa à margem da regra fiscal, segundo o TCU.

O Pé-de-Meia é arcado com recursos do Fundo de Custeio da Poupança de Incentivo à Permanência e Conclusão Escolar para Estudantes do Ensino Médio (Fipem), operado pela Caixa. Em 2024, o governo transferiu R$ 6 bilhões do Fundo de Garantia de Operações de Crédito Educativo (FGEDUC), um fundo privado, para o Fipem.

Repasse semelhante foi operado pelo Executivo no fim do ano passado, quando foi autorizada a transferência de mais R$ 4 bilhões do Fundo Garantidor de Operações (FGO), outro fundo privado, para o Fipem.

O uso dos fundos foi aprovado por lei no Congresso, mas os gastos em si, realizados por meio de uma "ligação direta" entre fundos, não passaram pelo Orçamento, o que os coloca à margem das regras fiscais.

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Estadão
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