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Política

O que se sabe e o que ainda falta descobrir sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco

Investigadores desvendaram a cronologia da execução da vereadora do Rio e os envolvidos no caso, mas os mandantes e a motivação do crime ainda são desconhecidos

25 jul 2023 - 19h58
(atualizado às 20h53)
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Foto: Reprodução

BRASÍLIA - Após a delação premiada de Élcio Queiroz, ex-policial militar que participou da execução da vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, novas peças que desvendam o planejamento e o desdobramento dos assassinatos foram obtidas pelos investigadores.

Porém, outras perguntas ainda precisam ser respondidas para solucionar o crime ocorrido há cinco anos.

Execução da vereadora foi planejada

Segundo Queiroz, o suposto contratante do crime foi o ex-policial militar Edmilson Oliveira da Silva, conhecido como "Macalé". Ele e "Suel" - apelido do ex-bombeiro Maxwell Simões - eram responsáveis por vigiar e monitorar Marielle desde os últimos meses de 2017. Segundo a PF, o carro usado no homicídio, um Chevrolet Cobalt, de posse de Macalé, foi flagrado em locais onde a vereadora cumpria compromissos.

"Inclusive, foi através do Edmilson [o 'Macalé'] que trouxe, vamos dizer, esse trabalho pra eles. Essa missão pra eles foi através do 'Macalé' que chegou até o Ronnie", disse Queiroz aos investigadores da Polícia Federal.

Em coletiva de imprensa na segunda, o superintendente da Polícia Federal, Leandro Almada, afirmou que Ronnie Lessa pesquisou os CPFs da Marielle e da filha dela, Luyara Santos, dois dias antes do crime. O fato foi negado pela defesa do ex-PM.

A arma utilizada no crime foi uma submetralhadora desviada do Batalhão de Operações Especiais (Bope), tropa especial da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ). Segundo a delação premiada de Élcio, o armamento foi extraviado do acervo da corporação durante um incêndio.

Executores tentaram destruir provas

A PF informou que, após executar Marielle, os investigados teriam jogado pedaços da placa do veículo utilizado no crime nas linhas férreas dos trens urbanos do Rio de Janeiro. Dois dias após a execução, um homem, conhecido como "Orelha", recebeu a ordem de "sumir com o automóvel". O destino teria sido um desmanche no Morro da Pedreira, na Zona Norte da cidade.

Maxwell teria ajudado a ocultar armas de fogo de uso restrito e acessórios pertencentes a Lessa, que estavam armazenados em um apartamento utilizado pelo ex-PM cuja localização ainda é desconhecida. De acordo com a PF, em março de 2019, um ano após a execução da vereadora, o arsenal foi descartado no mar da Barra da Tijuca, atrapalhando o andamento das investigações.

Veja o que ainda falta ser desvendado sobre o caso:

Mandantes do crime

Mais de cinco anos após as execuções, a pergunta "quem mandou matar Marielle e Anderson?" ainda não foi respondida. Em uma coletiva concedida nesta segunda, o ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou que a delação premiada de Élcio Queiroz vai colocar os mandantes na mira do inquérito policial.

"Há uma espécie de mudança de patamar da investigação. Se conclui a investigação sobre a execução e há elementos para um novo patamar, a identificação dos mandantes. Nas próximas semanas, provavelmente, haverá novas operações derivadas das provas colhidas hoje", disse o ministro.

Dino também explicou que há convergência entre a narrativa do motorista do carro que levou os executores e as informações levantadas pela PF. Segundo o ministro, os investigadores terão elementos necessários para avançar nas apurações e identificar outras pessoas ligadas aos homicídios.

Motivação das execuções

Outro ponto que deve ser respondido pelos inquéritos é a motivação dos assassinatos. Marielle se posicionava contra o racismo e a violência policial, fazendo denúncias de abuso de autoridade por parte de profissionais de segurança. Na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, ela participava de uma comissão criada para acompanhar os desdobramentos da intervenção federal na segurança pública do Estado, que realizou operações para combater a criminalidade em comunidades da capital carioca.

Segundo Dino, "não há dúvidas" de que o crime teve a participação de pessoas ligadas às milícias e ao crime organizado do Rio. Ele afirmou que novas informações sobre os desdobramentos das operações serão anunciados em breve. "Não há crime perfeito. Outras novidades com certeza ocorrerão nas próximas semanas."

Estadão
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