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Política

Obama diz entender preocupações do Brasil sobre espionagem

Em entrevista durante reunião do G20, Obama diz levar "muito a sério" as acusações de espionagem dos serviços secretos americanos

6 set 2013 - 11h55
(atualizado às 13h11)
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<p>Barack Obama concedeu entrevista coletiva durante encontro do G20 na Rússia</p>
Barack Obama concedeu entrevista coletiva durante encontro do G20 na Rússia
Foto: AP

O presidente americano, Barack Obama, declarou nesta sexta-feira em São Petersburgo, na Rússia, que entende as "preocupações" de Brasil e México sobre as acusações de espionagem dos serviços secretos de seu país e que as leva "muito a sério".

"Levo estas acusações muito a sério", disse Obama em uma coletiva de imprensa, antes de assegurar que "entende as preocupações" da presidente Dilma Rousseff e do presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, que lhe pediram explicações.

Segundo Obama, os interesses do seu país com México e Brasil são maiores do que a questão da espionagem, e que não "assina embaixo de tudo que os jornais dizem" a respeito do assunto. Sobre atuação da Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA, na sigla em inglês), Obama cogitou dar "um passo atrás" para analisar a forma como as tecnologias têm sido usadas.

Obama ressaltou que "há uma gama de interesses" nas relações envolvendo os EUA e os dois países que, segundo denúncias veiculadas na imprensa, foram espionados. "Especificamente sobre Brasil e México, temos de analisar as alegações. Não assino embaixo de tudo que os jornais dizem. Levo as alegações muito a sério, entendo as alegações de mexicanos e do povo brasileiro, e vamos trabalhar para ver onde está a fonte de tensão", disse.

"A razão pela qual fui ao Brasil é que esse é um país importante e com história de sucesso na transição da ditadura para a democracia, além de ser uma das economias mais dinâmicas do mundo", argumentou o presidente dos EUA.

Sobre a atuação da NSA, envolvida na espionagem ao Brasil e México, Obama disse caber à agência "buscar informações que não estão em fontes públicas", e que essa prática é similar ao que países mundo afora fazem por meio dos seus serviços de inteligência. "A verdade é que somos maiores e temos melhor capacidade", emendou.

"Com a tecnologia mudando tão rapidamente, e as capacidades aumentando ainda mais, é importante que a gente dê um passo atrás e analise o que estamos fazendo, porque, só porque podemos conseguir as informações, não quer dizer que tenhamos que acessá-las. Pode ter aí uma relação custo-benefício que temos que pesar", completou o presidente americano. Ele considerou a possibilidade de a NSA fazer análises "camada a camada", para identificar o que, posteriormente, pode ser analisado de forma mais aprofundada.

Monitoramento

Reportagem veiculada no último domingo pelo programa Fantástico, da TV Globo, afirma que documentos que fariam parte de uma apresentação interna da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos mostram a presidente Dilma Rousseff e seus assessores como alvos de espionagem.

De acordo com a reportagem, entre os documentos está uma apresentação chamada "filtragem inteligente de dados: estudo de caso México e Brasil". Nela, aparecem o nome da presidente do Brasil e do presidente do México, Enrique Peña Nieto, então candidato à presidência daquele país quando o relatório foi produzido.

O nome de Dilma, de acordo com a reportagem, está, por exemplo, em um desenho que mostraria sua comunicação com assessores. Os nomes deles, no entanto, estão apagados. O documento cita programas que podem rastrear e-mails, acesso a páginas na internet, ligações telefônicas e o IP (código de identificação do computador utilizado), mas não há exemplos de mensagens ou ligações.

Espionagem americana no Brasil
Matéria do jornal O Globo de 6 de julho denunciou que brasileiros, pessoas em trânsito pelo Brasil e também empresas podem ter sido espionados pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (National Security Agency - NSA, na sigla em inglês), que virou alvo de polêmicas após denúncias do ex-técnico da inteligência americana Edward Snowden. A NSA teria utilizado um programa chamado Fairview, em parceria com uma empresa de telefonia americana, que fornece dados de redes de comunicação ao governo do país. Com relações comerciais com empresas de diversos países, a empresa oferece também informações sobre usuários de redes de comunicação de outras nações, ampliando o alcance da espionagem da inteligência do governo dos EUA.

Ainda segundo o jornal, uma das estações de espionagem utilizadas por agentes da NSA, em parceria com a Agência Central de Inteligência (CIA) funcionou em Brasília, pelo menos até 2002. Outros documentos apontam que escritórios da Embaixada do Brasil em Washington e da missão brasileira nas Nações Unidas, em Nova York, teriam sido alvos da agência.

Logo após a denúncia, a diplomacia brasileira cobrou explicações do governo americano. O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou que o País reagiu com “preocupação” ao caso.

O embaixador dos Estados Unidos, Thomas Shannon negou que o governo americano colete dados em território brasileiro e afirmou também que não houve a cooperação de empresas brasileiras com o serviço secreto americano.

Por conta do caso, o governo brasileiro determinou que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) verifique se empresas de telecomunicações sediadas no País violaram o sigilo de dados e de comunicação telefônica. A Polícia Federal também instaurou inquérito para apurar as informações sobre o caso.

Após as revelações, a ministra responsável pela articulação política do governo, Ideli Salvatti (Relações Institucionais), afirmou que vai pedir urgência na aprovação do marco civil da internet. O projeto tramita no Congresso Nacional desde 2011 e hoje está em apreciação pela Câmara dos Deputados.

Com informações da AFP e da Agência Brasil.

Fonte: Terra
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