Oposição já pretende levar Bolsonaro à CPI do MEC
Presidente pode ser investigado por susposta interferência nas investigações
Senadores de oposição que apoiam a abertura de uma CPI para investigar o gabinete paralelo operado pelo ex-ministro da Educação Milton Ribeiro e dois pastores no MEC defenderam a inclusão do presidente Jair Bolsonaro nas apurações do Legislativo. Partidos de oposição também vão reforçar no Supremo Tribunal Federal (STF) a necessidade de o presidente ser alvo de investigação por causa da suspeita de interferência na investigação conduzida pela Polícia Federal.
A Procuradoria da República no Distrito Federal alertou a Justiça sobre "possível interferência ilícita" do presidente nas investigações, o que devolveu o inquérito da Operação Acesso Pago ao Supremo. A atuação de líderes religiosos na pasta para negociação de agendas e verbas, revelada pelo Estadão, deu origem à investigação que levou à prisão de Ribeiro e dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura.
"(O caso) evidencia a necessidade de apuração. Para a CPI, precisamos nos acostumar à correta leitura da Constituição, ou seja, preenchidos os requisitos, ela deve ser obrigatoriamente instalada", disse o senador Alessandro Vieira (PSDB-SE). "CPIs investigam fatos. Se existir atuação concreta do presidente, é natural que seja investigada." Para o senador, a CPI pode requisitar ao Supremo o conteúdo do inquérito e passar a investigar diretamente Bolsonaro no caso.
O líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que pedirá ao STF para abrir inquérito por crime de obstrução da Justiça contra Bolsonaro. O PT prometeu fazer o mesmo.
No Senado, governistas agem para barrar a investigação com a apresentação de outros pedidos de CPI e promessa de liberação de verbas do orçamento secreto. Aliados do Palácio do Planalto devem recorrer ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para tentar impedir a criação da CPI.
'Sacanagem'
A ala governista atua também para blindar Bolsonaro do caso. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), líder do PL no Senado, foi às redes sociais para dizer que o indício do Ministério Público é "sacanagem" contra o pai.
"Então havia gravação do ex-ministro falando que 'ele' achava que poderia ter busca e apreensão? Se 'ele' era Bolsonaro, por que o juiz e o procurador do MPF não remeteram os autos ao STF ao invés de prender o ex-ministro? Tá cheirando a 'sacanagem', além de crime, claro!", escreveu Flávio.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.