Oposição quer ouvir Padilha sobre relação com doleiro preso
Líderes dos partidos vão apresentar requerimentos em diversas comissões
Os três principais partidos de oposição não pretendem deixar passar em branco a suspeita de envolvimento do ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha com o doleiro preso Alberto Youssef. Nesta sexta-feira, PPS, DEM e PSDB se manifestaram no sentido de convidar Padilha para falar em comissões da Câmara dos Deputados sobre as interceptações divulgadas pela Polícia Federal envolvendo seu nome.
O líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR), divulgou nota oficial na qual afirma que o partido vai protocolar requerimento na Comissão de Fiscalização e Controle para que o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha explique seu envolvimento com o doleiro preso Alberto Youssef.
Documentos da Polícia Federal divulgados ontem apontam indícios de que Padilha, que é pré-candidato ao governo de São Paulo, teria indicado um ex-funcionário do Ministério para comandar o Labogen, laboratório do doleiro que teria sido usado em esquema de lavagem de dinheiro.
"Nada mais justo do que o ex-ministro Padilha ter o espaço público da Câmara para se explicar. Aliás, essa não é primeira suspeita de irregularidade envolvendo a sua gestão. Há a questão dos contratos da área de saúde indígena, investigados por vários órgãos. Queremos ouvir suas explicações", escreveu Bueno na nota oficial.
Suspeita é baseada em mensagem enviada por André Vargas
A suspeita da Polícia Federal é baseada em uma mensagem enviada pelo deputado André Vargas (PT-PR) ao doleiro, por telefone celular, no dia 28 de novembro e interceptada pela PF. Segundo o relatório, Vargas deu o nome e o número do ex-assessor e escreveu: "Foi Padilha que indicou". Ainda segundo a PF, o Padilha citado é "possivelmente" o ex-ministro da Saúde e o executivo citado seria Marcus Cezar de Moura, que foi coordenador de promoção de eventos da assessoria de comunicação do ministério na gestão de Padilha.
Para Rubens Bueno, o ressurgimento do nome de Padilha em investigação da PF, que também envolve a Petrobras, dá pistas sobre o temor do PT em torno da instalação de uma CPI no Congresso.
"Estamos vendo que, além da presidente Dilma, começam a aparecer vários candidatos do PT nessa trama que deu um prejuízo bilionário para a maior empresa do país. E parece que o esquema, que tudo indica funcionava com o objetivo de angariar dinheiro para campanhas, ultrapassou as fronteiras da Petrobras", acrescentou o deputado.
O DEM quer que tanto Padilha quanto Marcus Cezar deponham nas comissões de Fiscalização e Controle, Desenvolvimento Econômico, Saúde e Segurança Pública. Os requerimentos serão assinados pelo líder, Mendonça Filho (PE), e pelo deputado Antonio Leite, de São Paulo e aliado do governador Geraldo Alckmin.
Já o PSDB se mostra mais reticente. Para o deputado Carlos Sampaio (SP), as interceptações da PF levantam suspeitas, mas devem ser investigadas com cautela. Para isso, também pretende apresentar requerimentos nas comissões de Segurança Pública e de Finanças e Tributação. A estratégia é semelhante à utilizada pela oposição para convocar ministros para falar sobre denúncias envolvendo a Petrobras. Isso porque dividir os requerimentos entre várias comissões resultaria em uma maior probabilidade de comparecimento de Padilha à Câmara.