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Política

Ordem de Moraes reduz adesão, mas golpistas resistem em BH, Florianópolis e Recife

Autoridades estaduais negociam saídas pacíficas, mas afirmam que vão cumprir prazo de 24 horas dado por ministro do Supremo Tribunal Federal; Rio e SP têm estruturas desmontadas

9 jan 2023 - 10h41
(atualizado às 17h34)
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Foto: Poder360

Uma mulher de cabelos grisalhos balançava a bandeira do Brasil e pedia intervenção militar e divina na manhã desta segunda-feira, 9, em frente ao comando do Exército, na Avenida Raja Gabaglia, no bairro Gutierrez, em Belo Horizonte. "Deus nos ajuda, nos ajuda. Temos de fazer a intervenção", gritava a mulher para os veículos que passavam no local. Assim como na capital mineira, outros radicais resistem à determinação judicial de desocupar acampamentos ao menos em Salvador e Recife.

Além da mulher, outros três bolsonaristas permaneciam em silêncio ao seu lado no canteiro central da via mineira na manhã desta segunda. Mantendo distância dos quatro, equipes da Polícia Militar e da Guarda Municipal faziam a segurança da região, que, nos últimos dois meses, recebeu atos golpistas contra a eleição democrática do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Neste domingo, 8, enquanto extremistas invadiam as sedes dos Três Poderes em Brasília, um grupo de 50 pessoas aproximadamente pedia intervenção militar em frente ao quartel mineiro mesmo após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), impedir qualquer ato ali.

Mais tarde, no entanto, Moraes deu nova ordem determinando o prazo de 24 horas para o desmonte de qualquer acampamento golpista no País. Na sexta-feira, 6, a Prefeitura de Belo Horizonte já havia retirado a estrutura montada pelos bolsonaristas no local, como barracas, carros de som, móveis e utensílios para refeições. Os golpistas, em sua maioria vestindo camisas da seleção brasileira, exibiam bandeiras do Brasil e gritavam palavras de ordem contra o presidente Lula.

O atual governador, Jorginho Mello (PL), que deu sustentação ao governo Jair Bolsonaro ao longo dos últimos quatro anos, reuniu-se com o comandante-geral da Polícia Militar nesta manhã e determinou a "preservação da ordem pública, em respeito às leis constitucionais e às medidas recentemente editadas de nível federal." Além de Florianópolis, há resistência de golpistas em Joinville.

Operacionalmente, a Polícia Militar está monitorando todos os pontos onde existe a possibilidade de alguma ação violenta dos bolsonaristas. Até o meio da tarde, a situação era de tranquilidade em todos os pontos. Os comandantes regionais da corporação estão orientados a tomarem as medidas legais e cabíveis.

Já em Pernambuco, o prefeito de Recife, João Campos (PSB), informou pelas redes sociais que colocou os serviços municipais à disposição da governadora Raquel Lyra (PSDB) e já reuniu as equipes responsáveis para a desmobilização dos acampamentos.

Em Salvador, as forças de segurança conseguiram desmontar as barracas por volta das 16h sem confronto, segundo informou a Polícia Militar. Apesar do desmonte da estrutura, parte do grupo, cerca de 20 pessoas, resiste em deixar as proximidades do Quartel General da 6ª Região, mais conhecido como Quartel da Mouraria.

Negociadores do Bope tentam convencer os bolsonaristas radicais a deixarem a área. O governo vai cumprir o prazo de 24 horas determinado pelo STF. Segundo apurou o Estadão, a orientação é a de que a força seja usada somente em último caso, ou seja, se os bolsonaristas insistirem em permanecer no local após o prazo legal para a desocupação da área pública.

O governo baiano também cumpriu a ordem judicial nos municípios de Feira de Santana e Alagoinhas, ambos também registravam concentração de golpistas nas proximidades de quartéis do Exército.

Rio e SP

Um dia após ataques de bolsonaristas aos prédios dos Três Poderes em Brasília, golpistas começaram, por iniciativa própria, a desocupar na manhã desta segunda-feira, 9, o acampamento que mantinham em frente ao Comando Militar do Leste (CML), no centro do Rio de Janeiro. A desocupação ocorreu após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ordenar "desocupação e dissolução total" dos acampamentos em até 24 horas.

Cerca de 50 manifestantes começaram a retirar barracas, toldos e pallets usados no acampamento por volta das 13h. A desocupação ocorre sem a presença da Polícia Militar e da Guarda Municipal. No início da manhã, um fotógrafo da Agência Futura, a serviço do jornal Folha de S.Paulo, foi agredido por um participante do grupo. Ele foi cercado e ameaçado pelos bolsonaristas.

Já na capital paulista, a Polícia Militar desmontou o acampamento de bolsonaristas em frente ao Comando Militar do Sudeste, em São Paulo, na tarde desta segunda-feira, 9. A dissolução do foco ocorreu sem o uso da força, embora um jornalista tenha sido agredido. Por volta das 13h30, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro guardavam seus pertences em carros e caminhonetes para abandonar o local. Era o começo do fim do acampamento.

Mais cedo nesta segunda-feira, o secretário de Segurança de São Paulo, Guilherme Derrite, afirmou que o Estado tentaria dissolver os acampamentos utilizando o "diálogo" e, apenas se necessário, fazendo uso escalonado da força. A orientação por uma abordagem "pacífica" partiu do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), ex-ministro de Bolsonaro.

Estadão
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