Pacheco projeta discutir fundo eleitoral "de maneira justa"
Deputados e senadores aprovaram a LDO para 2022 reservando R$ 5,7 bilhões
Em meio às negociações entre Legislativo e Executivo em torno do fundo eleitoral, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirmou, em entrevista à GloboNews, que o Congresso pode discutir como quantificar "de maneira justa" o financiamento de campanhas no País.
Deputados e senadores aprovaram na semana passada a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2022 reservando R$ 5,7 bilhões para o fundo eleitoral, o triplo do destinado às eleições gerais de 2018. Diante da repercussão negativa, o presidente Jair Bolsonaro já sinalizou que vai vetar a cifra, mesmo que ela tenha sido aprovada com votos da base governista. Agora, Planalto e Congresso negociam um valor intermediário. Como publicou o Broadcast Político mais cedo, partidos pressionam por no mínimo R$ 4 bilhões.
"Talvez nós tenhamos que nos debruçar para quantificar quando custa uma campanha, para que não fique a impressão sobre o parâmetros desarrazoáveis da LDO", disse o presidente do Senado durante a entrevista. "O Congresso não se furtará a critérios que podem quantificar de maneira justa o financiamento de campanhas", acrescentou, sinalizando disposição para negociar o impasse.
Visto muitas vezes como um aliado do Planalto, Pacheco também afirmou que "não gostaria de ver um terceiro impeachment" no País e ressaltou que a deposição de um presidente é uma medida excepcional, voltada a casos extremos. O parlamentar votou a favor do impeachment de Dilma Rousseff em 2016.
Apesar de rechaçar a cassação de Jair Bolsonaro, Pacheco reconheceu que houve erros do governo no combate à pandemia. "Mas Queiroga é fiel e obediente à ciência, à medicina. Tem se revelado um bom ministro da Saúde, temos aumento da escala de vacinação", ponderou. Sobre as investigações da CPI da Covid, o senador se limitou a dizer que espera "bons resultados".
Cortejado pelo PSD para disputar a Presidência da República pela chamada "terceira via" - ou seja, para superar a polarização entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) -, Pacheco fez questão de se manter, durante a entrevista, mais distante do debate eleitoral. "A minha obrigação nesse momento é com o Senado. As eleições de 2022 ficarão para seu momento oportuno", afirmou, ressaltando, por outro lado, que o próximo presidente deverá ser alguém com capacidade de unificação nacional.
Questão militar
A chamada "PEC Pazuello", projeto em tramitação no Congresso que quer impedir militares da ativa de ocuparem cargos no governo, também foi tema da entrevista. Seguindo seu estilo de evitar posicionamentos polêmicos, Pacheco apenas afirmou que permitirá a discussão e que a politização dos quartéis "merece reflexão".