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Política

Padilha: 'Estão destilando raiva contra mim e contra o PT'

Pré-candidato petista ao governo de SP disse que "mente" quem tenta associá-lo ao doleiro Alberto Yousseff; relatório da PF aponta nome do ex-ministro em diálogo do deputado federal licenciado André Vargas (ex-PT-PR)

25 abr 2014 - 18h28
(atualizado em 26/4/2014 às 17h21)
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Padilha concedeu entrevista em São Paulo
Padilha concedeu entrevista em São Paulo
Foto: Alan Morici / Terra

O ex-ministro da Saúde e atual pré-candidato ao governo de São Paulo pelo PT, Alexandre Padilha, classificou como “raiva destilada” contra ele e seu partido as informações de que teria indicado um ex-funcionário do ministério para comandar o laboratório Labogen. A empresa é ligada ao doleiro Alberto Yousseff, preso pela operação Lava Jato, da Polícia Federal, e teria sido usada em esquemas de lavagem de dinheiro.

Padilha cancelou a agenda de campanha do dia pelo interior do Estado – ele estava nas regiões de Marília e Bauru – e convocou uma entrevista coletiva na capital paulista para falar sobre o assunto. O ex-ministro afirmou que repudia “veementemente” as ligações de seu nome a supostas irregularidades e avisou que interpelará judicialmente os responsáveis por essas citações.

A suspeita de irregularidades por parte da Polícia Federal se baseia em uma mensagem enviada pelo deputado André Vargas (ex-PT-PR) ao doleiro, por telefone celular, no dia 28 de novembro, interceptada pela PF. Segundo o relatório, Vargas deu o nome e o número do ex-assessor e escreveu: "Foi Padilha que indicou". Ainda segundo a PF, o "Padilha" citado é "possivelmente" o ex-ministro da Saúde, e o executivo citado seria Marcus Cezar de Moura, que foi coordenador de promoção de eventos da assessoria de comunicação do ministério na gestão de Padilha.

“Estou extremamente indignado e repudio qualquer tipo de irregularidade envolvendo o meu nome em qualquer tipo de irregularidades listadas nessas matérias (divulgadas, desde ontem, pela imprensa). Vou orientar meus advogados para que, quando tiverem acesso ao relatório da PF, interpelem judicialmente qualquer pessoa que tenha usado meu nome em vão por qualquer motivo”, disse. “Mente quem diz que eu indiquei Marcus Cezar de Moura para qualquer laboratório privado”, reforçou.

O pré-candidato do PT ainda negou que esteja sendo alvo de ataques político-eleitorais de adversários ou mesmo que seja vítima de “fogo amigo” do próprio partido, mas sugeriu: “Não acredito que esteja sendo alvo de nada, mas toda vez que aponto problemas no Estado de São Paulo recebo agressões e críticas. Estão destilando raiva contra mim e contra o PT – raiva, grosseria, ataques e agressões pessoais”, reclamou. 

Padilha classificou como raiva destilada contra ele e seu partido as informações de que teria indicado um ex-funcionário do ministério para comandar o laboratório Labogen
Padilha classificou como raiva destilada contra ele e seu partido as informações de que teria indicado um ex-funcionário do ministério para comandar o laboratório Labogen
Foto: Alan Morici / Terra

Laboratórios privados não tratavam com ministério

O ex-ministro da Saúde também negou que a Labogen tenha firmado qualquer contrato com o Ministério da Saúde durante sua gestão – mesmo porque, disse, contratos em estudo com esse laboratório e o MS eram discutidos não diretamente com a pasta, mas entre eles e o laboratório da Marinha, quem diretamente receberia os recursos federais do ministério para as parcerias privadas.

Sobre o ex-assessor da Saúde, Padilha confirmou que o conhece, disse que ele foi militante do PT no começo dos anos 1990 e que trabalhou com Moura na secretaria de assuntos federativos da Presidência na gestão do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No Ministério da Saúde, explicou, Moura atuou na assessoria de comunicação, “na coordenação de eventos e sem ligação com temas ligados à indústria farmacêutica, em um gabinete com pelo menos 50 outros assessores”. Na pasta, disse, ficou de três a quatro meses a contar de agosto de 2011. De lá, seguiu para a Geap, na área de relações institucionais, onde ficou até outubro do ano passado.

“No Ministério da Saúde, ele não era um cargo de relação direta com o ministro nem com os secretários do ministério”, enfatizou.

Vargas poderá ser interpelado judicialmente, diz Padilha

Sobre o deputado André Vargas, que ontem negou à imprensa ter recebido a indicação de Padilha para o assessor no Labogen, o ex-ministro não descartou interpelação também contra ele na Justiça. “Se o senhor André Vargas usou meu nome em vão, vou interpelá-lo a esclarecer judicialmente isso. Não admito que meu nome seja usado em vão por qualquer pessoa”, avisou.

Hoje, em Londrina, norte do Paraná, Vargas pediu desfiliação do PT após 24 anos.

Por outro lado, Padilha admitiu ter sido procurado por Vargas, quando ainda era ministro, para tratar do Labogen.

“Todas as vezes que ele (Vargas) me abordou para apresentar (o laboratório) ou falar, no Ministério da Saúde, sempre foi para apresentação do Labogen – que o laboratório existe há 25 anos e teria interesse em participar de projetos do ministério. Mas isso foi em abordagens  no Congresso ou em eventos externos dos quais sempre participei como ministro”, declarou.

Se é natural esse tipo de intermediação entre um parlamentar e um laboratório privado, ou mesmo se Vargas teria feito lobby para o Labogen, o ex-ministro desconversou: “Isso é natural.  Recebi mais de uma vez pedidos de apresentação de um certo laboratório que queria participar de projetos, isso é corriqueiro. Mas nos programas de PDPs (Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo), quem apresenta o projeto é um laboratório público e é com ele que são fechados os contratos”, explicou. “Minha obrigação como ministro é receber e encaminhar esses pedidos no fluxo regulamentar. Se alguém achou que pudesse ultrapassar regras, ou que, fazendo lobby, conseguiria, bateu na porta errada”, concluiu.

PT não cogita outro candidato, diz presidente da sigla

Também presente à entrevista coletiva, o presidente estadual do PT, Emídio de Souza, negou que as ilações em torno de Padilha tenham feito o partido sequer cogitar um segundo nome para a sucessão no governo paulista.

“Nem se cogita essa hipótese (de escolha de uma alternativa ao ex-ministro). Talvez esse seja um desejo dos nossos adversários”, ironizou.

Fonte: Terra
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