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Política

Padre indiciado pela PF tem mais de 400 mil seguidores e forneceu ajuda espiritual a Bolsonaro em 2018

José Eduardo de Oliveira e Silva é pároco na Paróquia São Domingos em Osasco

22 nov 2024 - 11h17
(atualizado às 11h28)
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Padre José Eduardo de Oliveira e Silva, sacerdote da Diocese de Osasco, é um dos 37 indiciados pela Polícia Federal
Padre José Eduardo de Oliveira e Silva, sacerdote da Diocese de Osasco, é um dos 37 indiciados pela Polícia Federal
Foto: Reprodução/@pejoseduardo/Instagram / Estadão

O padre José Eduardo de Oliveira e Silva, um dos 37 indiciados pela Polícia Federal (PF) na quinta-feira, 21, por envolvimento em um suposto plano de golpe de Estado, acumula mais de 420 mil seguidores no Instagram. Pároco na Paróquia São Domingos, José Eduardo ficou conhecido por ministrar palestras e cursos envolvendo temas polêmicos, como aborto e gênero. 

Na rede social, o padre que reside em Osasco, interior de São Paulo, se descreve como "sacerdote, pároco e professor". Além de vender cursos on-line voltados para a doutrina católica, ele também prestou atendimento espiritual ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2018, quando ele levou uma facada no abdômen.

De acordo com a PF, o padre teria participado de reuniões com Bolsonaro para debater propostas de cunho golpista. O padre chegou a prestar um depoimento à PF no início deste mês, no qual ele negou ter participado de reuniões envolvendo o planejamento de uma "minuta golpista". Segundo ele, Bolsonaro recebeu apenas ajuda "espiritual".

O indiciamento veio à tona após a Polícia Federal realizar uma busca e apreensão em domínios do padre em fevereiro deste ano. As investigações apontam que ele participou de um grupo jurídico que supostamente atuou na mudança de decretos para "respaldar" a tentativa de golpe de Estado depois da eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022. 

A presença de José Eduardo em reuniões foi confirmada também pelo tenente-coronel Mauro Cid, que fechou um acordo de delação premiada com a Polícia Federal, validado novamente na quinta-feira pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

Documentos da investigação também registram a entrada do padre no Palácio do Planalto no dia 19 de novembro de 2022, onde teria se reunido com outros indiciados, como Filipe Martins e Amauri Feres Saad.

Os 37 indiciados, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, responderão pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.

Quem é José Eduardo de Oliveira e Silva

Natural de Piracicaba (SP), José Eduardo mudou-se ainda criança para Carapicuíba, na região metropolitana de São Paulo. Ele foi ordenado sacerdote da Diocese de Osasco em 2006 e é doutor em Teologia Moral pela Universidade da Santa Cruz, em Roma.

José Eduardo já afirmou sentir “saudades dos tempos em que o banheiro servia só para necessidades fisiológicas” e sugeriu que a indústria farmacêutica criasse “um calmante em forma de supositório”. Além das redes, ele oferece cursos de ensino teológico com valores que ultrapassam R$ 800 por ano e mantém um canal no YouTube com 136 mil inscritos.

A defesa de José Eduardo criticou a divulgação do nome do religioso pela Polícia Federal, acusando o órgão de violar o sigilo decretado pelo ministro Alexandre de Moraes. Segundo os advogados, “a nota da Polícia Federal com a lista de indiciados é mais um abuso realizado pelos responsáveis da investigação e, tendo publicado no site oficial do órgão policial, contamina toda instituição e a torna responsável pela quebra da determinação do Ministro de sigilo absoluto".

Fonte: Redação Terra
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