"Pagava manicure e cabeleireiro", diz Michelle Bolsonaro sobre Cid para revista
Ex-primeira-dama afirmou, no entanto, que seu contato com ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, ocorreu somente por meio de suas assessoras
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro negou qualquer vínculo com Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, mas admitiu que o militar era o responsável por pagar as despesas pessoais dela. As declarações foram dadas em entrevista publicada nesta sexta-feira, 19, pela revista Veja.
"Nenhuma [relação com Mauro Cid]. O meu contato com ele se dava por meio das minhas assessoras. Ele pagava minhas contas pessoais porque era ele que ficava com o cartão da conta-corrente do meu marido. Todo o dinheiro usado pelo coronel para pagar minhas despesas foi sacado da conta pessoal do Jair, dos rendimentos dele como presidente da República. Não tem um tostão de recursos públicos. Temos os extratos para provar isso", disse ela à revista.
Ao ser questionada sobre o motivo de não pagar suas próprias contas, Michelle afirmou que administrava as despesas domésticas até chegar ao Palácio da Alvorada, quando seu marido assumiu a Presidência.
Segundo a ex-primeira-dama, devido à quantidade de eventos e à intensa demanda de trabalho que enfrentavam, ela decidiu colocar "tudo na planilha" e permitiu que o ajudante de ordens cuidasse do pagamento de contas.
"Antes do Jair se tornar presidente, eu administrava as contas da nossa casa. Quando chegamos no Alvorada, tinha essa figura para fazer esse trabalho. Pagar as despesas do dia a dia. A gente tinha vários eventos, uma demanda muito grande de trabalho, então a gente deixava tudo na planilha. Eu passava para a minha assessora, que passava para o Cid, que tinha acesso ao cartão pessoal. Ele sacava e pagava a manicure, ou cabeleireiro, um dinheiro para o lanche das crianças", declarou.
Em outro trecho da entrevista, Michelle explicou o motivo pelo qual utilizava um cartão de crédito vinculado à conta de Rosimary Cardoso Cordeiro, uma assessora parlamentar no Senado e sua amiga de longa data.
"Nunca me pediram explicações. Uso esse cartão desde 2011. Eu era quebrada. Em 2007, casei com o Jair, fui para o Rio de Janeiro. Tenho três irmãos. A minha família é bem simples, e eu sempre cuidei dos meus irmãos. Na época, o limite do meu cartão de crédito era de R$ 1.800, porque eu não tinha como comprovar renda. Aí essa minha amiga ofereceu um cartão adicional na conta dela, que tinha um limite maior. Eu pagava minha parte na fatura. Tenho todos os comprovantes. Esses achismos destroem a reputação das pessoas", completou a ex-primeira-dama.
Depósitos em dinheiro vivo de Cid para Michelle
A PF interceptou conversas entre o ex-ajudante de ordens e duas assessoras de Michelle, revelando que ele realizava depósitos em dinheiro vivo para a conta da ex-primeira-dama.
Existem suspeitas de que Cid tenha utilizado recursos públicos do Palácio do Planalto de forma ilegal para realizar os pagamentos, através de saques em dinheiro e depósitos em espécie realizados de maneira fracionada, com o objetivo de dificultar a rastreabilidade dos valores.