Para bispo, transposição do rio São Francisco é "marolinha"
Contrário à transposição do Rio Francisco - inclusive protagonizou duas greves de fome por causa do tema, em 2005 e 2007 -, o bispo do município baiano de Barra, dom Luiz Flávio Cappio, classificou, em entrevista ao jornal
Folha de S. Paulodeste sábado, o projeto como um "tsunami". Para ele, as obras de revitalização são "marolinhas" - termo usado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao se referir aos reflexos da crise econômica no Brasil.
Nos últimos três dias, quando uma comitiva liderada pelo presidente Lula visitou as obras do São Francisco, inclusive em Barra, o bispo não estava na cidade. Porém, à distância, organizou um protesto contra a transposição no dia da visita da comitiva presidencial. "O projeto é um tsunami violento. O Exército desmatando tudo, passando por cima de vilas e aldeias, de roças e de gado, para garantir o trabalho. E as obras de revitalização são marolinhas, coisas insignificantes", disse ao jornal.
Na opinião de Cappio, a visita do presidente às obras foi "um marketing de mídia, para mostrar ao Brasil algo que não existe, uma farsa". "O projeto de revitalização não acontece. Foi mais uma de suas grandes mentiras sobre esse projeto. Foi apenas um show", afirmou o bispo, que confessa ter sido um dos eleitores de Lula.
Questionado sobre a declaração da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, de que os críticos desconhecem o rio, o bispo questionou o conhecimento da pré-candidata à presidência da República sobre o São Francisco. "O que ela sabe é de ouvir falar. Chega de mentir para o povo. Nós tivemos aqui na Barra um show. Foi um show de política em véspera de eleição. Tenho pena de pessoas que se deixam enganar com aquilo", disse.