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Parlamentares evitam criticar escolha de mais um general

Militar da reserva Carlos Alberto dos Santos Cruz vai cuidar da articulação política do governo

26 nov 2018 - 22h56
(atualizado em 27/11/2018 às 08h34)
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BRASÍLIA - Em compasso de espera para o início do governo de Jair Bolsonaro, os líderes partidários evitaram criticar, nesta segunda-feira, 26, a nomeação de mais um general para um posto estratégico no Palácio do Planalto. O presidente eleito usou o Twitter para indicar o general Carlos Alberto dos Santos Cruz para a Secretaria de Governo, cargo responsável pela articulação política junto ao Congresso. Pelo perfil militar do novo ministro, parlamentares acreditam que as negociações políticas continuarão a ser lideradas pelo futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorezoni (DEM).

Em condição de anonimato, deputados e senadores têm demostrado otimismo ao fazerem a leitura de que Santos Cruz irá ficar subordinado a Onyx. Outro ponto destacado pela base aliada é a trajetória do novo ministro, que chegou a ser Secretário de Segurança Pública do Ministério da Justiça e Segurança Pública, em 2017, e já teria adquirido experiência para lidar com demandas políticas.

O general Carlos Alberto Santos Cruz, que anunciado para a Secretaria de Governo do governo de Jair Bolsonaro 
O general Carlos Alberto Santos Cruz, que anunciado para a Secretaria de Governo do governo de Jair Bolsonaro
Foto: (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil / Estadão Conteúdo

O líder do MDB na Câmara dos Deputados, Baleia Rossi (SP), afirmou, por exemplo, que Santos Cruz tem perfil conciliador. "Esse pessoal do Exército é muito preparado e faz política 24 horas por dia. A política interna no Exército é, às vezes, mais forte do que a nossa. Não vejo dificuldade (de negociar com um general), não. O perfil desse que foi escolhido é um negociador, parece que é um grande articulador. Eu não tenho contato pessoal com ele, mas achei um bom perfil", disse.

Cotado para assumir o Ministério das Cidades, o líder do PRB na Câmara, deputado Celso Russomanno (SP), também elogiou o "nome técnico" para o cargo. Na avaliação do parlamentar, é melhor que um partido não seja privilegiado na escolha para este posto, mas, sim, que todos as legendas da base tenham acesso à Secretaria de Governo.

"Ele (Bolsonaro) tem feito escolhas técnicas e me disse uma coisa interessante. Estão dizendo que os partidos estão perdendo poder (com o futuro governo), mas a gente fez o seguinte raciocínio: eu tenho mais poder quando indico um ministro ou quando tenho acesso a todos os ministros?", questionou. "O que ele (Bolsonaro) vai fazer? Ele vai dizer para os ministros que eles têm de atender os partidos da base, os líderes dos partidos terão de ser atendidos em demandas ética. Esse pessoal vai ter muito mais força do que se indicar um ou dois ministérios. É uma prática bem democrática e transparente porque você não cria feudos", defendeu.

Onyx, no entanto, deve perder poder

Ainda assim, a escolha de Santos Cruz pode significar a perda de poder de Onyx na futura gestão. É que, com a indicação do general, a Casa Civil deve ficar ainda mais esvaziada. Como informou o Estadão/Broadcast, Bolsonaro também pretende a tirar da Casa Civil a coordenação dos ministérios do governo e passar o trabalho para o vice-presidente eleito, general Hamilton Mourão.

Além disso, a indicação do general para a Secretaria de Governo contraria o que havia sido dito pelo próprio futuro ministro da Casa Civil. Onyx chegou a declarar, em pelo menos duas ocasiões, que a pasta seria extinta e incorporada por ele. A principal função da Secretaria de Governo, atualmente ocupada por Carlos Marun (MDB-MS), é a articulação política junto ao Congresso.

Quem é o general indicado por Bolsonaro para Secretaria de Governo

O general Santos Cruz é formado em Engenharia Civil pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas e iniciou sua carreira militar em 1968, ao ingressar na Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx), onde concluiu o curso em 1970. A seguir, cursou a Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), tendo sido declarado aspirante a oficial de Infantaria em 1974. Como general de brigada, comandou a missão de paz no Haiti (Minustah) entre setembro de 2006 e abril de 2009, tendo um total de 12 mil militares subordinados.

Atingiu o posto de general de divisão de março de 2009 e, no retorno ao Brasil, foi comandante da 2ª Divisão de Exército e subcomandante do Comando de Operações Terrestres. Passou para a reserva em novembro de 2012. Em seguida, tornou-se assessor especial do Ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. Foi escolhido pela Organização das Nações Unidas (ONU) para suceder o tenente-general indiano Chander Prakash Wadhwa no comando da missão de paz na República Democrática do Congo, de junho de 2013 a dezembro de 2015.

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