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Política

Partido de Bolsonaro ignora Moraes e descarta contestar votação no primeiro turno

Valdemar Costa Neto, presidente do PL, não pretende questionar validade das urnas que deram ao partido a maior bancada da Câmara

23 nov 2022 - 17h42
(atualizado às 20h11)
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BRASÍLIA - Depois de pedir ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a invalidação dos votos do segundo turno computados em 60% das urnas eletrônicas, o PL, do ex-deputado Valdemar Costa Neto, disse que não vai aplicar o mesmo critério de questionamento nos votos do primeiro turno, quando a sigla elegeu ampla bancada de deputados e senadores. Em uma representação ao TSE, o PL quer anular todos os votos registrados em 279 mil urnas na eleição presidencial alegando, sem provas, "mau funcionamento" das máquinas. Com isso, Jair Bolsonaro (PL) seria reeleito. Especialistas já apontaram que a argumentação do partido não tem lastro e não indica fraude nem falhas na contagem dos votos.

"Seria impossível fazer com que todas as pessoas eventualmente atingidas por decisão do TSE viessem aos autos e se manifestassem. Como essa questão pode ser inicialmente sob o ponto de vista do segundo turno, pedimos para que nesse primeiro momento fosse feita a verificação no segundo turno", disse o advogado da legenda, Marcelo Bessa, nesta quarta-feira, 23.

O presidente do Partido Liberal (PL) Valdemar Costa Neto, durante entrevista sobre a ação do partido que contesta o resultado das eleições
O presidente do Partido Liberal (PL) Valdemar Costa Neto, durante entrevista sobre a ação do partido que contesta o resultado das eleições
Foto: Wilton Junior / Estadão / Estadão

O presidente do TSE, Alexandre de Moraes, determinou que o partido também apresentasse um estudo referente ao primeiro turno, para que o questionamento do PL não fique restrito à derrota de Bolsonaro, como deseja o atual presidente. Na manifestação oficial ao TSE, no prazo determinado por Alexandre de Moraes, o PL afirmou que seria "medida açodada" envolver "milhares de candidatos" que disputaram as eleições porque a ideia "traria grave tumulto processual".

Valdemar Costa Neto e Marcelo Bessa foram questionados insistentemente sobre as inconsistências do relatório que produziram. Não deram as explicações e disseram somente que todas as alegações haviam sido enviadas ao TSE.

O partido alega que um único dado padronizado sobre as urnas de modelos anteriores ao de 2020, em vez de um número de série único para cada máquina, não permitiria a certificação da derrota de Bolsonaro. Entretanto, as urnas têm várias outras informações que permitem atestar cada unidade.

"Não pode haver dúvida sobre o voto, tem que ser seguro. Por isso fizemos o levantamento. Se isso for uma mancha na nossa democracia, temos que resolver isso agora", insistiu Valdemar.

Em entrevista coletiva nesta quarta, o dirigente do partido, condenado no mensalão, buscou dar um verniz jurídico ao questionamento apresentado à Justiça Eleitoral e citou diversas vezes o regramento que possibilita às entidades fiscalizadoras um pedido de "fiscalização extraordinária" desde que "relatados os fatos e apresentados indícios".

A representação do PL ao TSE pede, textualmente, "que sejam invalidados os votos decorrentes das urnas em que comprovadas as desconformidades irreparáveis do mau funcionamento".

O presidente do PL disse que seu objetivo é "evitar fantasmas" sobre as eleições de 2022. Contudo, não reprovou as manifestações com caráter golpista realizadas em frente aos quartéis militares. Apoiadores de Bolsonaro usam suspeitas falsas como as lançadas pelo PL para pedir golpe militar contra a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), presidente eleito.

"O povo é livre para se manifestar, desde que não crie problemas de trânsito. Eles têm todo direito de se manifestar. Esse segmento novo que cresceu com Jair Bolsonaro não vai parar. É um segmento novo que veio para ficar", frisou.

Estadão
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