Patrícia Lélis é indiciada nos EUA por fraudes de US$ 700 mil e vira alvo do FBI
Procuradoria do Estado Virgínia acusa a ativista de ter aplicado golpes financeiros em imigrantes com promessa de garantia de obtenção de visto; em rede social, brasileira diz ser vítima de perseguição
BRASÍLIA - A jornalista Patrícia Lélis foi indiciada por um júri federal do Estado da Virgínia, nos Estados Unidos, por fraudes financeiras avaliadas em US$ 700 mil, o equivalente a R$ 3,4 milhões na cotação do dólar desta segunda-feira, 15. Os delitos fizeram Lélis figurar na lista de procurados pelo FBI (Federal Bureau Investigation), órgão norte americano equivalente à Polícia Federal.
O caso foi divulgado pelo gabinete da Procuradoria dos EUA no distrito da Virgínia. De acordo com as autoridades locais, Lélis se apresentava às vítimas como advogada de assuntos relacionados à imigração. Ela prometia ajudar seus clientes imigrantes a obter os vistos E-2 e EB-5 de estadia no país - este último garante residência permanente e, em alguns casos, cidadania a estrangeiros que invistam "recursos substanciais" na criação de empregos em empresas norte-americanas.
Ainda segundo a denúncia, Lélis teria aplicado o golpe em setembro de 2021. Ela teria se comprometido a conseguir o visto EB-5 para os pais da vítima. O serviço custou US$ 135 mil, pagos em duas parcelas, sob o argumento de que seria utilizado em um projeto de desenvolvimento imobiliário no Estado do Texas que qualificaria o pagante para o visto EB-5.
No entanto, o indiciamento acusa Lélis de ter direcionado o dinheiro para a sua conta pessoal e tê-lo utilizado para reformar os "banheiros" da sua casa na cidade de Arlington, no Texas. "Em vez de investir o dinheiro conforme prometido, Lelis Bolin supostamente o usou para pagar a entrada de sua casa em Arlington, reformas de banheiros e pagar outras despesas pessoais, como dívidas de cartão de crédito", diz a nota divulgada pelo procuradoria.
"De acordo com a acusação, para encobrir o esquema e obter mais dinheiro, Lelis Bolin supostamente forneceu à vítima um tribunal distrital dos EUA falso, alegando um número de processo falso, que a mostrava como advogada. Lelis Bolin não é uma advogada licenciada. Ela também é acusada de ter falsificado formulários de imigração dos EUA, forjado múltiplas assinaturas e criado recibos falsos do projeto de investimento do Texas, todos os quais ela enviou por e-mail para uma vítima", prossegue o texto.
A ativista negou as denúncias em publicação na rede social X e alegou ser vítima de perseguição do governo norte-americano por ter acessado documentos sigilosos que comprovariam o interesse do País no petróleo venezuelano.
Querido diario, comecei 2024 sendo "procurada" pelo FBI por mesmo o governo sabendo que estou em asilo politico em outro pais. Meu crime: Peguei documentos de uns norte-americanos safados que me pediram para ser bode espiatorio contra os meus e meti o pé. Boa sorte, USA, e contem… https://t.co/TMp0drzLtw
— Patrícia Lélis (@lelispatricia) January 15, 2024
Lélis é acusada de fraude eletrônica, transações monetárias ilegais e roubo de identidade agravado. Caso venha ser condenada, os crimes somam penas de até 32 anos de prisão. A ativista ganhou notoriedade como militante pró-aborto, mas mudou de posição e se aliou à tropa de choque do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em 2022, ela rompeu com o núcleo bolsonarista e passou a detratar seus integrantes, como o deputado Eduardo Bolsonaro (PL). Ela também acusou o deputado pastor Marco Feliciano (PL-SP) de tê-la estuprado em 2016. O parlamentar processou Lélis por denunciação caluniosa. Lélis chegou a se filiar ao PT, mas teve pedido de expulsão apresentado contra ela em 2021.