Paulo Pimenta tornou Jair Bolsonaro "persona non grata" em Santa Maria em 1993
Durante seu discurso, Bolsonaro defendeu a volta de um "regime forte" ao Brasil, gerando indignação entre os vereadores
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) permanece oficialmente "persona non grata" em Santa Maria (RS), um título que lhe foi atribuído em 1993, após declarações controversas na Câmara Municipal. Na época, o então deputado federal, filiado ao extinto PPR, visitava a cidade para receber homenagens por sua atuação em prol de militares e suas famílias. Durante seu discurso, Bolsonaro defendeu a volta de um "regime forte" ao Brasil, gerando indignação entre os vereadores.
A homenagem original, que o declarava "visitante ilustre" e "hóspede oficial" do município, havia sido proposta meses antes pelo vereador Enir Reis (PTB), que elogiava seu desempenho político. No entanto, as falas de Bolsonaro sobre o regime militar provocaram reações negativas na sessão de 22 de junho de 1993. Quatro vereadores, incluindo Paulo Pimenta (PT), hoje secretário de Comunicação do governo Lula, condenaram publicamente as declarações. Pimenta, na ocasião, apresentou uma moção de repúdio e propôs que Bolsonaro fosse declarado "persona non grata", criticando sua "insanidade ideológica" e apontando os males deixados pela ditadura.
Apesar da repercussão negativa de suas declarações na época, a relação entre Bolsonaro e a cidade teve reviravoltas. Em 2018, ele foi o candidato mais votado em Santa Maria nas eleições presidenciais, obtendo 51,9% dos votos no primeiro turno e ampliando a vantagem no segundo turno contra Fernando Haddad (PT). Durante seu mandato, Bolsonaro visitou a cidade em 2019 para participar da Festa Nacional da Artilharia, onde foi recebido com manifestações de apoio.
Mesmo com essas demonstrações de popularidade, o título de "persona non grata" nunca foi revogado. Três décadas depois, a declaração segue como um marco político na história de Santa Maria, refletindo as divisões ideológicas que permanecem na cidade.