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Política

PEC da Transição é adiada após repercussão negativa do mercado

Senador Randolfe Rodrigues disse que proposta vai excluir Bolsa Família do teto de gastos, para que política contra fome seja tratada como política de Estado

11 nov 2022 - 11h27
(atualizado às 14h03)
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Foto: Andre Dusek|Estadão / Estadão

O senador Rodolfo Rodrigues (Rede-AM) disse, nesta sexta-feira, 11, que o texto final da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da Transição deve ser apresentado na semana que vem, depois da repercussão negativa do mercado à opção de retirar do teto, permanentemente,, todo gasto social. A ideia, segundo o senador, é que a proposta seja apresentada na próxima quarta-feira, 16, após o feriado de Proclamação da República.

Randolfe confirmou que a ideia do governo eleito é retirar todo o Bolsa Família da regra que atrela o crescimento das despesas à inflação. O programa prevê gastos de R$ 175 bilhões em 2023, porque inclui um bônus de R$ 150 por criança de até seis anos.

Com isso, R$ 105 bilhões previstos no Orçamento do ano que vem para bancar o programa social poderão ser destinados a outras áreas, como recomposição do Farmácia Popular, a retomada de programas do Ministério da Saúde e investimentos do Ministério da Educação que foram descontinuados, além de obras públicas que estão paralisadas.

Segundo Randolfe, o melhor cenário prevê que o texto seja aprovado no Senado na semana seguinte, de 21 de novembro, para que o texto siga para a Câmara e possa ser ao plenário da Casa e aprovado até a data limite de 17 de dezembro.

"Estou apresentando o cenário ideal. Existem as contingências, que serão resolvidas. Não acredito que não exista sensibilidade de colegas parlamentares quererem impedir 19 milhões de brasileiros de receberem R$ 600 por mês, sendo que esses brasileiros estão passando fome hoje", afirmou a jornalistas.

Randolfe disse que o valor previsto para o pagamento já foi "precificado" pelo mercado financeiro, fosse qual fosse governo eleito. "Quem está assumindo o governo da República não é um desconhecido. É um presidente que governo esse País durante oito anos, que fez a maior redução da relação dívida-PIB da história, que promoveu um superávit de 4,6%. Não é um estranho."

Reação do mercado

O mercado já tinha reagido mal à ideia do governo eleito de retirar todo o gasto social do teto de gastos, sem apresentar nenhuma outra regra de controle de despesas, pelo risco de afetar a trajetória de sustentabilidade da dívida pública.

Na quinta-feira, 10, a Bolsa caiu 3,35% e o dólar subiu 4,14% depois de o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva criticar a "tal da estabilidade fiscal", ao defender que é preciso colocar a questão social à frente de temas que interessam, segundo ele, apenas o mercado financeiro. O senador afirmou que o mau humor do mercado foi contaminado pela "inflação descontrolada e segura pelo governo Bolsonaro", que saiu ontem.

O senador eleito pelo Piauí, Wellington Dias (PT-PI), designado por Lula para coordenar diálogos e movimentos em torno do orçamento para 2023, afirmou hoje que, após as agendas de ontem, devido a algumas sugestões apresentadas pela Câmara e Senado, o time da transição sentiu a necessidade de voltar a conversar com Lula.

"Desde o início encontramos muito boa vontade dos líderes e parlamentares das duas casas e a PEC da Transição é trabalhada com muito entendimento.

Assim, acertamos seguir dialogando e, na quarta-feira, após o feriado, um texto final da PEC da Transição e também sobre adequações do Projeto de Lei Orçamentária com o relator, Senador Marcelo Castro", declarou.

Dias afirmou que o esforço é chegar a um acordo com a Câmara e o Senado, evitando alterações em uma das casas, que possam levar à atrasos na votação, porque o texto teria de voltar a ser avaliado. "É legítimo na regra democrática, mas poderia causar atraso na votação, e temos um tempo bem curto até o final do ano Legislativo", disse.

Segundo o senador, as duas metas centrais "foram abraçadas" por líderes e parlamentares da Câmara e do Senado: "colocar o povo e, especialmente, o povo mais pobre no orçamento e também garantir capacidade de investimentos para ajudar no crescimento econômico, criando um ambiente de confiança para mais investimentos privados do que já é previsto, e gerar mais emprego e mais renda. E como fazer isto com muita responsabilidade fiscal e social."

Estadão
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