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Política

Pedido de Aras sobre Lava Jato "causa estranheza", diz Moro

Ofícios foram enviados às forças-tarefa do PR, SP e Rio e cobravam o envio de dados coletados pelos procuradores ao longo dos anos

28 jun 2020 - 07h10
(atualizado às 10h23)
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Ex-ministro da Justiça e Segurança Pública e ex-juiz da Lava Jato Sérgio Moro afirmou no sábado, 27, que "causam estranheza" os pedidos do procurador-geral da República, Augusto Aras, para obter informações da operação. Os ofícios foram enviados às forças-tarefa do Paraná, de São Paulo e do Rio e cobravam o envio de dados coletados pelos procuradores ao longo dos últimos anos.

"Aparentemente, pretende-se investigar a Operação Lava Jato em Curitiba. Não há nada para esconder nela, embora essa intenção cause estranheza", disse o ex-juiz. "Registro minha solidariedade aos procuradores competentes que preferiram deixar seus postos em Brasília."

Ex-ministro Sergio Moro
10/12/2019
REUTERS/Adriano Machado
Ex-ministro Sergio Moro 10/12/2019 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

Na sexta-feira, membros do grupo de trabalho da operação na PGR pediram demissão após a "diligência" feita pela subprocuradora Lindôra Araújo.

Em ofício a Aras, a Lava Jato demonstrou desconforto com o recolhimento de dados da operação "sem prestar informações sobre a existência de um procedimento instaurado, formalização ou escopo definido".

A solicitação de Aras cobrou o envio, em até dez dias, de dados eleitorais, de câmbio, de movimentação internacional, além de relatórios de inteligência financeira e declarações de Imposto de Renda. O pedido ainda engloba dados recebidos em colaborações ou fornecidos por outros órgãos à força-tarefa e base de evidências, como mídias coletadas em apreensões e quebras telemáticas.

Em nota, a PGR negou as acusações da Lava Jato em Curitiba de que se tratava de uma "diligência". "Não houve inspeção, mas, sim, uma visita de trabalho que visava a obtenção de informações globais sobre o atual estágio das investigações e o acervo da força-tarefa para solicitar eventuais passivos. Um dos papéis dos órgãos superiores do Ministério Público Federal é o de organizar as forças de trabalho", diz o texto.

O ofício de Aras à Lava Jato indica que os dados seriam enviados para a Secretaria de Perícia, Pesquisa e Análise do gabinete do PGR, que tem entre suas funções "receber, processar, analisar e armazenar dados sigilosos obtidos por meio de decisões judiciais, de representações encaminhadas por órgãos públicos ou de requisição direta dos membros do MPF".

A visita de Lindôra levou à saída de três procuradores do grupo de trabalho da Lava Jato na PGR: Hebert Reis Mesquita, Luana Vargas de Macedo e Victor Riccely.

O grupo era responsável pela condução de inquéritos envolvendo políticos com foro privilegiado no Supremo Tribunal Federal, além de atuar em habeas corpus movidos na Corte em favor dos investigados e na negociação de delações premiadas.

Procuradores ouvidos reservadamente pela reportagem falaram de quebra de confiança, pontuando que o mal-estar gerado pela atitude da aliada de Aras fragiliza a atuação do MPF no Superior Tribunal de Justiça e no STF em matéria criminal. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Estadão
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