Pesquisa: Bolsonaros se metem no governo, mas não deviam
Pesquisa da CNT/MDA mostra que maioria acha que filhos interferem em decisões do presidente e que eles não deviam fazer isso
A maioria da população brasileira acha que familiares do presidente não devem interferir nas decisões do mandatário – e também acredita que os filhos de Jair Bolsonaro interferem.
O presidente tem três herdeiros com protagonismo político: Flávio (senador), Eduardo (deputado federal) e Carlos (vereador no Rio de Janeiro), o mais estridente dos três.
Eles andam interferindo nas decisões do pai de acordo com 56,8% dos entrevistados na pesquisa CNT/MDA, divulgada nesta terça (26). Para 75,1%, eles não deveriam interferir.
Veja os números completos para as duas perguntas:
Os filhos de Jair Bolsonaro estão interferindo nas decisões do pai na Presidência da República?
- Sim: 56,8%
- Não: 29,3%
- Não sabe/não respondeu: 13,9%
Independentemente de serem ou não políticos, familiares devem influenciar um presidente da República em suas decisões de governo?
- Sim: 17,3%
- Não: 75,1%
- Não sabe/não respondeu: 7,6%
A pesquisa foi bancada pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT) e executada pela MDA. Foram entrevistadas 2.002 pessoas nas cinco regiões do Brasil. Os dados foram colhidos de 21 a 23 de fevereiro.
A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais. Isso significa que o número de pessoas que acredita que familiares devem interferir nas decisões do presidente, por exemplo, pode ter uma variação em relação ao número informado.
Se 17,3% dos entrevistados dão a mesma resposta a uma pergunta em uma pesquisa com 2,2 pontos percentuais de margem de erro, significa que o percentual real quando considerada toda a população está entre 15,1% e 19,5%.
A mesma lógica deve ser aplicada para todos os percentuais informados. Também deve-se considerar que a opinião pública é volátil.
Os dados indicam o humor da população nos dias em que as informações foram colhidas. Conforme o tempo passa os números vão ficando menos precisos.
Caso Bebianno
O mesmo levantamento também traz informações sobre como a população entendeu a demissão de Gustavo Bebianno da Secretaria Geral da Presidência.
A saída de Bebianno do governo foi anunciada em 18 de fevereiro, apenas três dias antes de os dados da pesquisa começarem a ser coletados.
Antes, houve uma novela política que envolveu até divulgação de conversa entre Bolsonaro e o ministro por um dos filhos do presidente, Carlos, em sua conta no Twitter.
A maioria (58,3%) dos entrevistados afirmou ter acompanhado ou ouvido falar do caso. Também foi majoritária (54,5%) a impressão de que se tratou de uma demissão justa.
Acompanhou ou ouviu falar do caso envolvendo Gustavo Bebianno?
- Sim: 58,3%
- Não: 36,9%
- Não sabe/não respondeu 4,8%
Considera justa a exoneração do ex-ministro?
- Sim: 54,5%
- Não: 28,0%
- Não sabe/não respondeu: 17,5%
Quase três quartos dos entrevistados entendem que Carlos Bolsonaro influenciou na demissão de Gustavo Bebianno.
Para quem acompanha pouco política a má relação entre Carlos e Bebianno ficou clara quando o ex-ministro foi diretamente atacado pelo filho do presidente no Twitter.
Os observadores mais atentos, porém, já sabiam desde a eleição que os dois não se bicavam.
O ex-ministro foi aliado de primeira hora de Jair Bolsonaro e um dos cabeças de sua campanha. Carlos cuida das redes sociais do pai. Divergências sobre comunicação causaram atritos entre eles.
Carlos Bolsonaro influenciou na demissão de Gustavo Bebianno?
- Sim: 73,3%
- Não: 16,8%
- Não sabe/não respondeu: 9,9%
Quando finalmente demitiu seu antigo aliado, Jair Bolsonaro divulgou um vídeo sobre o caso. Na peça, afirmou que o motivo da exoneração era de “foro íntimo”.
Para 85,9% dos entrevistados na pesquisa, porém, a população tem direito de saber porque um ministro é demitido.
Transparência é um assunto sensível no governo Bolsonaro. O atual presidente tinha a passagem bíblica “a verdade vos libertará” como um dos motes de sua campanha.
A população tem direito de saber o motivo das demissões de ministros?
- Sim: 85,9%
- Não: 7,0%
- Não sabe/não respondeu: 7,1%