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Política

PF aposta em mensagens de Braga Netto e agentes das Forças Especiais para traçar elo golpista a 8/1

Mensagens estão em documento da Polícia Federal que embasam a Operação Tempus Veritatis; alvos são Bolsonaro e aliados

21 fev 2024 - 12h55
(atualizado às 14h29)
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Resumo
A Polícia Federal investiga a tentativa de golpe de Estado, planejada por aliados de Bolsonaro, por meio da suspeita de vínculos e tramas golpistas nos ataques aos Três Poderes em 2023. Braga Netto é suspeito de orientar milícias digitais para incitar a tentativa de golpe.
General Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa
General Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa
Foto: Dida Sampaio/Estadão / Estadão

A Polícia Federal seguirá em pelo menos duas frentes na investigação sobre a tentativa de golpe de Estado e de abolição violenta do Estado Democrático de Direito por aliados de Jair Bolsonaro (PL). Em ambas, podem haver evidências de elo entre a trama golpista e os ataques aos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023. A informação é da Folha de S. Paulo

Uma conversa do general Walter Braga Netto, candidato a vice na chapa de Bolsonaro, pode ser crucial para isso. Nela, o ex-ministro teria sinalizado a possibilidade de o até então governo continuar no poder, mesmo a quatro dias do fim do mandato de Bolsonaro. 

Segundo a Folha, o relatório da PF aponta que Braga Netto recebeu uma mensagem de Sérgio Rocha Cordeiro, assessor do ex-presidente, em 27 de dezembro de 2022, questionando onde poderia deixar o currículo de uma mulher. Então, o general afirma que, se continuarem no poder, o documento poderia ser enviado à Secretaria Geral. "Fora isso vai ser fod*", disse. 

A mensagem, encontrada no celular de Cordeiro, é considerada um indicativo de esperança por parte do militar de que o grupo de Bolsonaro seguisse à frente do País. Além disso, agentes da PF afirmam que Braga Netto usava o chamado "gabinete do ódio" e orientava as milícias digitais para incitar outros militares a aderirem ao "Golpe de Estado". "E, por outro lado, atacar a imagem de militares que resistiam ao intento golpista", informa o relatório. 

Em mensagem a Ailton Barros, militar expulso do Exército, Braga Netto atribui a Marco Antônio Freire Gomes, então comandante do Exército, a culpa pela posse de Lula. O militar, segundo Braga Netto, se recusou a aderir à tentativa de golpe. 

"Meu Amigo, infelizmente tenho que dizer que a culpa pelo que está acontecendo e acontecerá é do Gen FREIRE GOMES. Omissão e indecisão não cabem a um combatente. [...] Oferece a cabeça dele. Cagão", escreveu. 

O general Braga Netto foi alvo de busca e apreensão da Polícia Federal no último dia 8 de fevereiro. Junto a outros aliados de Bolsonaro, ele é suspeito de atuar no que a PF classificou como seis núcleos para operacionalizar medidas para desacreditar o processo eleitoral, planejar a execução de um golpe de Estado e agir de forma antidemocrática, para a permanência do grupo no poder.

Segundo a Folha, o relatório também aponta que o ex-ministro de Bolsonaro incentivou Ailton Barros a espalhar um relato de que o general Tomás Paiva, então comandante militar do Sudeste e atual comandante do Exército, era crítico das articulações golpistas. 

"Parece até que ele é PT, desde pequenininho", afirmava o texto repassado por Braga Netto.

Negociação

Uma suposta negociação de pagamento de despesas de manifestantes também estaria no radar da PF. A investigação encontrou conversas, envolvendo o tenente- coronel Mauro Cid, a respeito do pagamento de R$ 100 mil ao major das Forças Especiais do Exército Rafael Martins de Oliveira. 

O papo ocorreu em 14 de novembro de 2022, depois das eleições que tornaram Luiz Inácio Lula da Silva (PT) presidente. Ele antecedeu a manifestação antidemocrática, que ocorreu em 15 de novembro em Brasília, em frente ao quartel-general do Exército.

Para a PF, as mensagens apontam que integrantes do antigo governo e militares da ativa davam suporte material e financeiro para que as manifestações antidemocráticas permanecessem mobilizadas. O objetivo era garantir uma falsa sensação de apoio popular à tentativa de golpe.

Conforme a Folha, a PF acredita que as conversas tratam de uma estimativa de gastos para "possivelmente, financiar e direcionar" os atos que ocorreram após o pleito. Isso revelaria a tentativa de aliados de Bolsonaro de manter a militância organizada para questionar o resultado das eleições, além de um indício de que manifestantes de 15 de novembro de 2022 foram orientados por membros das Forças Especiais do Exército, chamados de “kids pretos”.

Jair Bolsonaro e Walter Braga Netto em evento no Palácio do Planalto em 2021
Jair Bolsonaro e Walter Braga Netto em evento no Palácio do Planalto em 2021
Foto: Gabriela Biló/Estadão / Estadão

O grupo é especializado em guerra não convencionais, e foram cruciais para que os atos de 8 de janeiro chegassem à aquelas proporções, segundo a investigação. Inclusive, a possível participação é tratada como prioritária pela PF. 

Ainda não há confirmação de que o pagamento de R$ 100 mil tenha sido realizado. Cid poderá esclarecer as circunstâncias da negociação mais para frente, pois isso não foi mencionado em sua delação. 

A PF também apura se recursos da Presidência da República teriam sido utilizados na ação. Para a investigação, Bolsonaro seria o chefe da organização criminosa que tentou dar o golpe e derrubar o governo eleito. Um forte indício seria a reunião, chefiada pelo ex-presidente em julho de 2022, onde propôs que seus ministros questionassem o resultado das urnas. 

Fonte: Redação Terra
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