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Política

PF aposta no celular de general para avançar na apuração sobre participação de "kids pretos" nos atos de 8/1

Investigadores suspeitam que participantes de ataque golpista tenham sido orientados por pessoas formadas em força especial do Exército

4 out 2023 - 11h08
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Mais de 1,3 mil pessoas foram denunciadas por envolvimento nos atos do dia 8 de janeiro.
Mais de 1,3 mil pessoas foram denunciadas por envolvimento nos atos do dia 8 de janeiro.
Foto: Wilton Júnior/Estadão / Estadão

A Polícia Federal (PF) segue as investigações para identificar as pessoas que usavam balaclavas (espécie de gorro) durante os ataques às sedes dos três Poderes em 8 de janeiro

A investigação agora se baseia nos registros do celular do general da reserva Ridauto Lúcio Fernandes, com o objetivo de avançar na apuração sobre a possível participação de membros do Exército nos atos golpistas. 

Conforme investigações da Folha de S.Paulo, a PF suspeita de que militares com formação nas forças especiais do Exército, conhecidos como "kids pretos" (uma tropa de elite da Força), possam ter orientado e fomentado a ação de vândalos durante os atos de 8 de janeiro. 

Isso porque, o inquérito contém vários depoimentos descrevendo a participação de indivíduos com balaclavas e luvas que auxiliaram e incentivaram os demais durante os atos. 

Além disso, esses indivíduos convocaram os invasores após abrirem as escotilhas de acesso ao teto do Congresso Nacional. A subida até lá teria sido viabilizada graças a uma escada improvisada.

Celular do general Ridauto

A PF pretende avançar na investigação do caso dos "kids pretos" por meio das identificações dos personagens através do registros no celular do general Ridauto.

O general foi alvo de mandados de busca e apreensão durante operação da PF na última sexta-feira, 29. Ele é suspeito de ter organizado os atos golpistas ocorridos em 8 de janeiro. 

Além de prestar depoimento, o general teve celular, arma e passaporte apreendidos pelos agentes da PF. 

Os investigadores destacam que antes de sua participação nos atos, o general Ridauto concedeu entrevistas para podcasts nas quais discutiu o papel das forças especiais em conduzir guerras irregulares, envolvendo civis sem experiência em combate para auxiliar em conflitos.

"O movimento irregular é você recrutar pessoas que não são militares ou que têm o mínimo de experiência [...], vai treinar e vai fazer com que eles se transformem em uma força de emprego em combate", disse Ridauto em setembro de 2022.

Outro elemento que levantou suspeitas sobre a possível participação de militares das forças especiais do Exército foi o emprego de granadas conhecidas como "bailarinas". O artefato militar recebeu esse apelido devido ao comportamento de saltar no chão enquanto lançam gás lacrimogêneo.

As granadas foram descobertas no Senado após os ataques. Policiais legislativos do Congresso não fazem uso desse tipo de armamento, e a Polícia Militar do Distrito Federal também não dispõe dessas granadas. 

No entanto, é conhecido que o Exército utiliza esse material em exercícios de treinamento das forças especiais.

Quem é Ridauto

Ridauto ocupou o cargo de Diretor de Logística do Ministério da Saúde durante os mandatos dos ministros Eduardo Pazuello e Marcelo Queiroga, no governo de Jair Bolsonaro (PL).

Durante os ataques golpistas, Ridauto gravou vídeos e os enviou com amigos e familiares. Em um desses vídeos, o general disse que estava "arrepiado" com o que estava acontecendo.

"O pessoal acabou de travar a batalha do gás lacrimogêneo. Acreditem: a PM jogou gás lacrimogêneo na multidão aqui durante meia hora e agora eles estão aqui na frente e o pessoal está aplaudindo a Polícia Militar", disse.

Fonte: Redação Terra
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