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Política

PF conclui que 8 de janeiro foi incentivado para justificar golpe de Estado

Segundo a PF, Bolsonaro deixou o Brasil para evitar uma possível prisão e aguardar os desdobramentos dos atos golpistas do dia 8

27 nov 2024 - 16h33
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14 réus nos processos sobre o 8 de Janeiro foram condenados pelo STF nesta terça, 5
14 réus nos processos sobre o 8 de Janeiro foram condenados pelo STF nesta terça, 5
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil / Estadão

Os ataques realizados em 8 de janeiro de 2023, nos quais apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vandalizaram as sedes dos Três Poderes em Brasília, foram resultado de uma incitação deliberada organizada por pessoas próximas ao ex-mandatário para tentar justificar um golpe de Estado. Essa é a conclusão apresentada em relatório da Polícia Federal (PF) sobre o caso.

De acordo com a PF, os investigados mantinham a expectativa de que um golpe militar, com o apoio das Forças Armadas, ainda pudesse ser realizado mesmo após o início do governo Lula. Essa esperança permaneceu especialmente durante os eventos golpistas ocorridos em 8 de janeiro de 2023.

"Conforme exposto, a disseminação, por múltiplos canais, de notícias falsas sobre o processo eleitoral brasileiro, concomitante com o financiamento de manifestações antidemocráticas por integrantes do governo do então Presidente da República e por militares, além da deliberada inércia de integrantes das Forças Armadas em não dissipar as manifestações que ocorriam em frente a instalações militares alimentou a expectativa de que um golpe militar era iminente, tendo como seu epílogo a materialização nos atos do dia 8 de janeiro de 2023", afirma o relatório da PF.

Segundo o documento, Jair Bolsonaro deixou o Brasil após não conseguir o respaldo das Forças Armadas para efetivar a ruptura institucional, uma saída que visava evitar uma possível prisão e aguardar os desdobramentos dos atos golpistas do dia 8.

Outro ponto destacado no relatório é uma mensagem enviada em 7 de novembro de 2022 pelo general da reserva Mário Fernandes ao então comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes. Na mensagem, Mário sugere a necessidade de um "evento disparador" que possibilitasse a execução do golpe.

"E talvez o Sr. concorde comigo, COMANDANTE, quanto ao fato de que as atuais manifestações tendem a recrudescer, propiciando eventos disparadores a partir da ação das Forças de Segurança contra as massas populares, com uso de artefatos como gás lacrimogêneo e Gr de efeito moral…Tudo isto, bem próximo ou em nossas áreas militares!", escreveu o general Mário Fernandes.

Ainda no texto, Fernandes defende a importância de contar com o apelo popular para justificar uma intervenção militar. Ele foi descrito por Mauro Cid como um dos mais radicais envolvidos na articulação golpista.

Segundo a PF, os envolvidos aguardavam um fato que pudesse desencadear o apoio das Forças Armadas para a ruptura institucional. "Dessa forma, continuaram a monitorar o ministro Alexandre de Moraes e a incitar e subsidiar as manifestações antidemocráticas em frente às instalações militares, fato que culminou nos eventos violentos do dia 08 de janeiro de 2023, quando novamente o golpe de Estado foi tentado no país", diz o relatório.

O documento ainda aponta a existência de um canal de interlocução entre líderes das manifestações antidemocráticas e membros do governo Bolsonaro, mediado por militares conhecidos como "kids pretos", formados nos cursos das Forças Especiais do Exército.

De acordo com a PF, no dia 8 de janeiro, enquanto as manifestações violentas ocorriam na Esplanada dos Ministérios, Mauro Cid recebeu imagens do ato enviadas por sua esposa, Gabriela Cid, segundo o relatório. Às 16h56, Gabriela compartilhou com Cid uma publicação do influencer Bernardo Kuster que reproduzia um tweet do escritor Olavo de Carvalho. Em resposta, Mauro Cid declarou: "Se o EB [Exército] sair dos quarteis...é para aderir [ao golpe]".

Fonte: Redação Terra
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