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Política

PF: delegado que planejou morte de Marielle usou cargo para beneficiar empresa própria

Documentos obtidos pela PF apontam que Rivaldo Barbosa usou estrutura da polícia para atender interesses da empresa que tinha com a esposa

3 jun 2024 - 17h13
(atualizado às 18h46)
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Ex-delegado da Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa
Ex-delegado da Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa
Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil/Arquivo

A Polícia Federal apresentou documentos que mostram que o delegado Rivaldo Barbosa, apontado como principal mentor do atentado que vitimou a vereadora do Rio Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes, usou a estrutura da Polícia Civil para atender interesses da empresa que possuía junto com a esposa, Érika Araújo

De acordo com a investigação, à época que chefiava a Divisão de Homicídios do Rio de Janeiro, Barbosa usou bancos de dados e servidores da Polícia Civil para prestar informações à Construtora Calper e elaborar relatórios a clientes. A informação é do ICL Notícias e foi confirmada pelo Terra junto à PF. 

No âmbito das investigações sobre a morte de Marielle, a PF apreendeu HDs que estavam com Érika, que, além de esposa, é sócia de Rivaldo nas empresas Mais I Consultoria Empresarial e Armis Consultoria Empresarial. A partir dos documentos, a polícia identificou que o então delegado se envolvia cotidianamente em assuntos da construtora, empresa na qual tinha crachá para acesso a canteiros de obra e equipamentos de proteção individual próprios. 

A credencial de Rivaldo, por outro lado, não tinha identificação. "Possivelmente essa determinação teve o condão de ocultar o vínculo dos policiais civis com a prestação de serviços para a CALPER", aponta o relatório da Polícia Federal. 

Outro documento encontrado pela PF foi um e-mail com relatório baseado em estatísticas criminais de uma região do Rio onde a Calper planejava um empreendimento. O documento foi enviado a Érika e um endereço eletrônico da empresa Mais I por um e-mail institucional da Divisão de Homicídios. 

O detalhamento criminal, que se diz basear em dados públicos, mostra uma tabela com dados de roubos e furtos individualizados em cada uma das ruas do empreendimento. Por sua vez, o Instituto de Segurança Pública (ISP) do Rio de Janneiro, responsável por compilar estatísticas criminais no Estado, não disponibiliza checagens em endereços específicos - a menor área possível nos dados públicos concebe a área de atuação de cada delegacia. 

"Apesar de constar no relatório de mancha criminal que os dados de criminalidade ali presentes possuem como origem informações presentes no banco de dados aberto do ISP-RJ (Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro), o fato de o arquivo ter sido enviado para a MAIS I e para ERIKA por meio do e-mail institucional da Divisão de Homicídios da Polícia Civil do Rio de Janeiro, levanta indícios do envolvimento de servidor da PCERJ na confecção de tal relatório e, consequentemente, na execução de trabalhos para a empresa de ERIKA/RIVALDO, sobretudo tendo em vista que o acesso a tal e-mail deva ser restrito a um número limitado de servidores", destaca a Polícia Federal. 

O Terra tenta contato com as defesas de Rivaldo e Érika, bem como da Construtora Calper. O espaço segue aberto para manifestações. 

Fonte: Redação Terra
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