PF deve convocar Carla Zambelli para depor sobre planos golpistas
Parlamentar bolsonarista teria abordado ex-comandante da Aeronáutica para pressioná-lo em trama de golpe de Estado
A deputada federal bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP) deve ser convocada pela Polícia Federal para depor a respeito de uma suposta pressão para que o ex-comandante da Aeronáutica Carlos de Almeida Baptista Jr. aderisse aos planos golpistas investigados pelo órgão.
Segundo a coluna de Bela Megale, do jornal O Globo deste sábado, 16, a PF fará essa convocação para que Zambelli preste esclarecimentos sobre as informações que o tenente-brigadeiro revelou em seu depoimento à corporação. A jornalista confirmou a informação com policiais envolvidos na investigação.
Entenda
Carlos Almeida Baptista Júnior afirmou ter sido abordado por Zambelli durante um evento da Força Aérea Brasileira (FAB), em Pirassununga, no interior de São Paulo, com exigência para não "deixar o presidente Bolsonaro na mão". O caso ocorreu, segundo ele, no dia 8 de dezembro de 2022, quando o então presidente Jair Bolsonaro (PL) já havia sido derrotado pelo atual titular do Poder Executivo federal, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
De acordo com seu depoimento prestado à PF, Baptista Júnior afirmou ter respondido que não aceitaria pedido ilegal. "Deputada, entendi o que a senhora está falando e não admito que a senhora proponha qualquer ilegalidade", teria respondido, de acordo com o seu depoimento à PF.
Baptista Júnior contou ainda ter comunicado ao então ministro da Defesa Paulo Sergio de Oliveira o ocorrido. Oliveira então teria dito que a parlamentar o abordou de "forma semelhante". No mesmo depoimento, Baptista Júnior afirmou ter conversado com General Heleno, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), em São José dos Campos (SP) durante formatura no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). De acordo com Baptista Júnior, Heleno ficou "atônito" e "desconversou" ao receber uma negativa de tentativa de golpe do principal nome da Força Área Brasileira (FAB).
As oitivas foram tornadas públicas nesta sexta-feira, 15, pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, relator do inquérito. Além de Baptista Júnior, também o ex-comandante do Exército, Freire Gomes, revelou pressões para que os militares apoiassem uma tentativa de ruptura. Baptista Júnior chegou a dizer que Freire Gomes ameaçou prender Bolsonaro se a proposta fosse levada adiante.
Procurada, a defesa de Zambelli afirmou que nunca fez pedido ilegal, não se recorda do fato e "se, porventura, pediu acolhimento, o fez por causa da derrota nas eleições". *Com informações do Estadão Conteúdo