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Política

PF diz que estrutura da 'Abin paralela' motivou tentativa de golpe de 8 de janeiro

Segundo a PF, ações de 'Abin paralela' causaram, direta ou indiretamente, a tentativa de golpe de estado

11 jul 2024 - 14h21
(atualizado às 15h21)
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Ataque aos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023
Ataque aos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023
Foto: Wilton Junior/Estadão / Estadão

Durante as investigações acerca de uma organização criminosa suspeita de monitorar ilegalmente indivíduos e autoridades públicas, a Polícia Federal apontou que a estrutura da 'Abin paralela', durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), "ensejou, motivou e causou, direta ou indiretamente, a tentativa de Golpe de Estado ocorrida em 8 de janeiro de 2023", diz o relatório ao qual o Terra teve acesso.

Segundo a PF, a estrutura criminosa era composta por policiais federais cedidos à Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e por oficiais de inteligência que aderiram às práticas ilícitas. No centro dessa organização estava a chamada "Estrutura-paralela", comandada por Alexandre Ramagem Rodrigues, então Diretor-Geral da Abin.

Essa estrutura utilizou uma tecnologia de espionagem, chamada de First Mile e desenvolvida pela empresa israelense Cognyte (ex-Verint), conforme revelado em março pelo jornal O Globo. 

As ações da "Estrutura-paralela" incluíram a difusão de notícias falsas contra opositores e ataques às instituições, como o Supremo Tribunal Federal (STF), Congresso Nacional e Tribunal Superior Eleitoral (TSE). 

"As investigações apontam que as mencionadas ações clandestinas ensejaram, motivaram e causaram, direta ou indiretamente, a tentativa de Golpe de Estado ocorrida em 08 de janeiro de 2023, que pretendia abolir nosso Estado Democrático de Direito e instituir uma Ditadura e cujas investigações e processos já acarretaram mais de 230 condenações", afirma a PF no relatório.

Os crimes investigados pela PF incluem associação criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, dano qualificado contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.

A PF revelou que a organização criminosa estava infiltrada na Abin, operando para obter vantagens para o núcleo político, produzindo desinformação e atacando adversários e instituições. Essa desinformação era propagada por meio de perfis e grupos controlados por servidores da Abin.

Os diálogos encontrados pela Polícia Federal também apontam a forma de divulgação dos conteúdos ilícitos obtidos pela estrutura paralela. Segundo as investigações, o material reunido era repassado a vetores de propagação em redes sociais, como perfis falsos e perfis cooptados, que formavam o núcleo de milícias digitais da organização criminosa.

De acordo com os investigadores, até hoje, observa-se, diariamente, pelas mais variadas mídias, ataques diretos às instituições como o STF, Congresso Nacional e parlamentares, utilizando o mesmo modus operandi que foi usado pelos integrantes da organização criminosa.

Operação Última Milha

Nesta quinta-feira, 11, a Polícia Federal deflagrou a 4ª fase da Operação Última Milha, que tem ex-servidores cedidos para Abin e influenciadores digitais que trabalhavam no chamado "gabinete do ódio" do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) entre os alvos.

De acordo com informações do colunista do Terra Guilherme Mazieiro, quatro pessoas já foram presas nesta nova fase da operação: Giancarlo Gomes Rodrigues, Matheus Sposito, ex-assessor da Secretaria de Comunicação Social (Secom) na gestão anterior; Marcelo de Araújo Bormevet; e Richards Dyer Pozzer.

Conforme levantado pelo jornal O Globo, Marcelo Araújo Bormevet, um dos alvos da 4ª fase da operação, é agente da Polícia Federal desde 2005 e integrou a equipe de segurança do ex-presidente Jair Bolsonaro durante a campanha de 2018. Ganhou a confiança do ex-presidente e do delegado Alexandre Ramagem, que o nomeou chefe do Centro de Inteligência Nacional (CIN) da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, Bormevet foi assessor na Subchefia Adjunta de Infraestrutura da Casa Civil, cargo do qual foi afastado por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, em janeiro deste ano.

Matheus Sposito, também preso, foi assessor da Secom no governo Bolsonaro e investigado pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid por suposta participação em um 'gabinete paralelo' que promovia o uso de medicamentos sem eficácia comprovada.

Já o militar Giancarlo Gomes Rodrigues, no período em que o grupo criminoso atuava, trabalhava como assessor do então diretor da Agência, Alexandre Ramagem. O quarto alvo, Richards Dyer Pozzer, é um empresário que já foi investigado pela CPI da Covid por produção de notícias falsas e distribuição de fake news em redes sociais.

Esquema

Conforme revelado por O Globo, a Abin utilizou um programa secreto chamado FirstMile para monitorar a localização de alvos pré-determinados por meio de aparelhos celulares. Após a divulgação da reportagem, a Polícia Federal iniciou um inquérito e descobriu que a ferramenta foi usada para monitorar políticos, jornalistas, advogados e adversários do governo Bolsonaro.

Em comunicado, a Polícia Federal (PF) informou que os investigados poderão ser responsabilizados por crimes de organização criminosa, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, interceptação clandestina de comunicações e invasão de dispositivo informático alheio.

Além de policiais federais e servidores da Abin, o então diretor Alexandre Ramagem e o vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro, estão sob investigação por suposta participação na chamada “Abin paralela”. Mandados de busca e apreensão foram expedidos contra eles, e ambos negam as acusações.

Fonte: Redação Terra
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