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Política

PF faz buscas em endereços ligados a Mauro Cid e ao pai dele

Mandados estão sendo cumpridos em Brasília, São Paulo e no Rio de Janeiro

11 ago 2023 - 08h20
(atualizado às 08h56)
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O tenente-coronel Mauro Cid
O tenente-coronel Mauro Cid
Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

A Polícia Federal faz buscas nesta sexta-feira, 11, em endereços ligados ao general do Exército Mauro César Lourena Cid, que é pai do ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Mauro Barbosa Cid - preso desde maio no bojo de uma operação sobre a inserção de dados falsos de vacinação da covid-19 no sistema do Ministério da Saúde. 

Endereços de Mauro Cid e de Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro, também são alvos da Operação Lucas 12:2. De acordo com a PF, estão sendo cumpridos quatro mandados de busca e apreensão, dois em Brasília, um em São Paulo e um em Niterói (RJ). 

A Polícia Federal informou que os investigados são suspeitos de utilizar a estrutura do Estado para desviar bens de alto valor patrimonial, entregues por autoridades estrangeiras em missões oficiais a representantes do Estado brasileiro, por meio da venda desses itens no exterior.

Os valores obtidos dessas vendas foram convertidos em dinheiro em espécie e ingressaram no patrimônio pessoal dos investigados, por meio de pessoas interpostas e sem utilizar o sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem, localização e propriedade dos valores.

Os fatos investigados configuram, em tese, os crimes de peculato e lavagem de dinheiro. As ações ocorrem dentro do inquérito policial que apura a atuação do que se convencionou chamar “milícias digitais” em tramitação perante o Supremo Tribunal Federal.

O nome da operação (Lucas 12:2) é uma alusão ao versículo 12:2 da Bíblia, que diz: “Não há nada escondido que não venha a ser descoberto, ou oculto que não venha a ser conhecido".

Quem é Mauro Cid, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Quem é Mauro Cid, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro

Quem é Mauro Cid

Com acesso livre ao Planalto nos últimos quatro anos, Mauro Cid ou "coronel Cid", se consolidou como ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele já esteve envolvido em polêmicas com o youtuber Allan dos Santos, com o caso das joias - relevado pelo Estadão - e até mesmo foi suposto pivô da demissão de um general do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

O pai do coronel Cid, o general Mauro Cesar Lourena Cid, foi amigo do ex-presidente na Academia das Agulhas Negras e a relação se estendeu para outros membros da família. Durante o governo Bolsonaro, o coronel teve livre acesso ao gabinete presidencial, ao Palácio da Alvorada e até mesmo ao quarto ocupado pelo ex-chefe do Executivo nos hospitais, após cirurgias.

Conforme revelou o Estadão, a atuação do discreto assessor presidencial ganhou os holofotes, porém, depois que vieram à tona suas conversas no WhatsApp com o blogueiro Allan dos Santos, do Terça Livre, no inquérito aberto para investigar a organização e o financiamento de atos antidemocráticos.

Em depoimento prestado, Mauro Cid declarou à PF que não se recordava de 'ter estabelecido' conversas com Allan dos Santos sobre a 'necessidade de intervenção das Forças Armadas' e negou apoiar a ideia.

Cid também esteve envolvido no caso das joias avaliadas em R$ 16,5 milhões que Bolsonaro trouxe ilegalmente para o Brasil. Como mostrou o Estadão, o ajudante de ordens e "faz-tudo" do ex-presidente foi o primeiro a ser escalado para resgatar pessoalmente joias e relógio de diamantes.

Um ofício obtido pelo Estadão revelou que Cid escalou ele mesmo para a missão. O documento enviado à Receita informando que um auxiliar do presidente iria pegar as joias era assinado pelo próprio Cid. O coronel era o oficial mais próximo de Bolsonaro e acompanhava o presidente o tempo todo. 

O tenente-coronel do Exército também foi quem pediu, com "urgência", avião da FAB e diárias para a ida do sargento Jairo Moreira da Silva a São Paulo, três dias antes do fim do mandato de Bolsonaro, para buscar as joias apreendidas pela Receita Federal no aeroporto de Guarulhos. Esse fato foi considerado como uma espécie de "impressão digital" de Bolsonaro na tentativa de liberar as peças.

No governo Lula, Cid também foi considerado o pivô da demissão do comandante do Exército, general Júlio César de Arruda. Arruda mostrou resistência para exonerar o tenente-coronel coronel Cid, nomeado para chefiar o 1.º Batalhão de Ações de Comando do Exército em Goiânia. Então, Arruda foi retirado do cargo após 23 dias de trabalho; o Exército não informou o motivo da sua exoneração.

*Com informações da TV Globo e do Estadão Conteúdo

Fonte: Redação Terra
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