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Política

PF mira Bolsonaro, Heleno, Braga Netto e outros aliados em operação; ex-assessores são presos

Polícia deflagrou Operação Tempus Veritatis na manhã desta quinta-feira, 8; STF determinou que Bolsonaro entregue passaporte em até 24 horas

8 fev 2024 - 08h00
(atualizado em 9/2/2024 às 13h38)
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Resumo
A PF deflagrou operação que investiga organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito. Na ação, aliados de Bolsonaro são alvos de buscas. Ex-assessor do ex-presidente e militares foram presos.
Braga Netto e Bolsonaro conversam durante cerimônia no Planalto.
Braga Netto e Bolsonaro conversam durante cerimônia no Planalto.
Foto: Gabriela Biló/ Estadão / Estadão

A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã desta quinta-feira, 8, uma operação que mira aliados militares ou políticos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Entre os alvos de buscas, estão o ex-ministro da Defesa e da Casa Civil Braga Netto, o ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional Augusto Heleno e o ex-ministro da Justiça Anderson Torres.

O Supremo Tribunal Federal (STF) também determinou que Bolsonaro entregue o passaporte em até 24 horas. O documento foi confiscado pela PF no início desta tarde na sede do PL, em Brasília.

Foram presos na operação, conforme apuração do Terra, Filipe Martins, ex-assessor especial de Bolsonaro; Marcelo Câmara, coronel do Exército citado em investigações como a dos presentes oficiais vendidos pela gestão Bolsonaro e a das supostas fraudes nos cartões de vacina da família do ex-presidente; Rafael Martins, major das Forças Especiais do Exército; e Bernardo Romão Corrêa Netto, coronel do Exército.

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, foi preso em flagrante por posse ilegal de arma. Costa Neto era alvo de um mandado de busca e apreensão pela PF, mas o flagrante ocasionou a prisão.

Ao todo, são cumpridos na operação 33 mandados de busca e apreensão, quatro mandados de prisão preventiva e 48 medidas cautelares diversas da prisão, que incluem a proibição de manter contato com os demais investigados, proibição de se ausentarem do País, com entrega dos passaportes no prazo de 24 horas e suspensão do exercício de funções públicas.

As medidas judiciais, expedidas pelo STF, ocorrem nos estados do Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, Paraná, Goiás e no Distrito Federal. O Exército Brasileiro acompanha o cumprimento de alguns mandados.

Conforme determinação do ministro Alexandre de Moraes que o Terra teve acesso, emitida a partir de solicitação da Polícia Federal também analisada pela Procuradoria-Geral da República, a busca e apreensão de armas, munições, dispositivos eletrônicos e quaisquer outros materiais relacionados aos fatos investigados nos endereços de:

  • Ailton Barros - Coronel reformado do Exército.
  • Almirante Almir Garnier Santos - Ex-comandante-geral da Marinha;
  • Amauri Feres Saad  - Advogado apontado como mentor intelectual da minuta golpista apresentada a Bolsonaro;
  • Anderson Torres - Delegado da PF e ex-ministro da Justiça;
  • Angelo Martins Denicoli - Major da reserva
  • General Augusto Heleno - Ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);
  • Cleverson Ney Magalhães - Coronel de Infantaria lotado no Comando de Operações Terrestres (Coter);
  • Eder Lindsay Magalhães Balbino - Empresário sócio da Gaio Innotech Ltda, empresa de tecnologia da informação sediada em Uberlândia;
  • General Estevam Theophilo Gaspar De Oliveira - Ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército;
  • Guilherme Marques Almeida  - Tenente-Coronel então no Comando de Operações Terrestres do Exército (Coter);
  • Hélio Ferreira Lima - Tenente-coronel;
  • José Eduardo de Oliveira e Silva - Padre de Osasco, na grande São Paulo;
  • Laércio Vergílio - General de Brigada reformado;
  • Mario Fernandes - General, ex-Chefe-substituto da Secretaria-Geral da Presidência da República;
  • General Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira -  Ex-ministro da Defesa;
  • Ronald Ferreira De Araújo Júnior - Oficial do Exército;
  • Sergio Ricardo Cavaliere De Medeiros - Coronel; 
  • Tércio Arnaud Tomaz  - Ex-assessor de Bolsonaro, conhecido como um dos pilares do chamado “gabinete do ódio”;
  • General Braga Netto -  Ex-ministro da Defesa e da Casa Civil;
  • Valdemar Costa Neto -  Presidente do PL, partido de Bolsonaro;

 

  • Bernardo Romão Correa Neto, Filipe Martins, Marcelo Câmara e Rafael Martins, que foram presos preventivamente, também são alvos de busca e apreensão pela operação. 

Eles teriam atuado em o que a PF classificou como seis núcleos para operacionalizar medidas para desacreditar o processo eleitoral, planejar a execução de um golpe de Estado e agir de forma antidemocrática, para a permanência do grupo no poder. 

Bolsonaro e aliados são alvos de operação da PF sobre golpe de Estado; quatro são presos:

Entrega de passaporte de Bolsonaro

Jair Bolsonaro é um dos alvos da operação desta quinta-feira. O STF determinou que ele entregue o passaporte e não fale com outros investigados. 

Conforme a jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, agentes foram até a casa de Bolsonaro na Vila Histórica de Mambucaba, em Angra dos Reis (RJ), e apreenderam o celular de um de seus assessores, Tercio Arnaud Thomaz. O passaporte não estava lá, por isso a determinação de 24 horas para que seja entregue. 

"Saí do governo há mais de um ano e sigo sofrendo uma perseguição implacável", declarou o ex-presidente à jornalista. "Me esqueçam, já tem outro governando o País", completou.

O advogado do ex-presidente, Fabio Wajngarten, disse nesta quinta, na rede social X (antigo Twitter), que Bolsonaro entregará o passaporte às autoridades competentes.

"Já determinou que seu auxiliar direto, que foi alvo da mesma decisão, que se encontrava em Mambucaba, retorne para sua casa em Brasília, atendendo a ordem de não manter contato com os demais investigados", informou Wajngarten.

O documento foi confiscado pela PF no início desta tarde na sede do PL, em Brasília.

Moraes determina que Bolsonaro entregue passaporte em até 24 horas:

A investigação

operação batizada de Tempus Veritatis investiga organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, para obter vantagem de natureza política com a manutenção do então presidente da República no poder.

"Nesta fase, as apurações apontam que o grupo investigado se dividiu em núcleos de atuação para disseminar a ocorrência de fraude nas Eleições Presidenciais de 2022, antes mesmo da realização do pleito, de modo a viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital", explica a PF.

"O primeiro eixo consistiu na construção e propagação da versão de fraude nas Eleições de 2022, por meio da disseminação falaciosa de vulnerabilidades do sistema eletrônico de votação, discurso reiterado pelos investigados desde 2019 e que persistiu mesmo após os resultados do segundo turno do pleito em 2022", diz a corporação.

"O segundo eixo de atuação consistiu na prática de atos para subsidiar a abolição do Estado Democrático de Direito, através de um golpe de Estado, com apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais no ambiente politicamente sensível", acrescenta.

Segundo apuração do Terra, a operação é fruto da delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e de outras investigações sequenciais. Em documento obtido pela reportagem, Cid mencionou Filipe Martins, ex-assessor da presidência, e Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, juntamente com outros militares, em sua delação à PF.  

São cinco crimes principais que movem a investigação, segundo documentos da PF:

• Ataques virtuais a opositores;

• Ataques às instituições (STF, TSE), ao sistema eletrônico de votação e à higidez do processo eleitoral;

• Tentativa de golpe de estado e de abolição violenta do estado democrático de direito;

• Ataques às vacinas contra a Covid-19 e às medidas sanitárias na pandemia e;

• Uso da estrutura do Estado para obtenção de vantagens como: o uso de suprimentos de fundos (cartões corporativos) para pagamento de despesas pessoais; a inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde para falsificação de cartões de vacina; e o desvio de bens de alto valor patrimonial entregues por autoridades estrangeiras ao ex-Presidente da República, Jair Bolsonaro, ou agentes públicos a seu serviço, e posterior ocultação com o fim de enriquecimento ilícito.

O Terra busca contato com os citados na matéria. O espaço segue aberto para manifestações.

Fonte: Redação Terra
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