PF quer Bolsonaro e não Mauro Cid, diz advogado do militar
O advogado disse também que iria interromper as entrevistas: "Você irrita o outro lado"
O novo advogado do tenente-coronel Mauro Cid, Cezar Roberto Bitencourt, diz acreditar que o foco das investigações da Polícia Federal (PF) é o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e que Cid tem sido deixado ''de canto''.
• O que disse o advogado: "O que eles querem mesmo é o presidente [Jair Bolsonaro], não o Cid (...) Eu tenho a impressão de que ele tinha certa autonomia. E mais: se eu erro aqui, eu conserto ali. Se fiz uma coisa errada aqui, posso consertar lá", disse o advogado à Folha de S.Paulo.
• Para lembrar: Anteriormente, o advogado tinha dito à imprensa que Cid apenas cumpria ordens. O advogado ainda disse que iria interromper as entrevistas para não irritar "o outro lado", em referência ao ex-presidente. "É bom não cutucar abelha com vara curta."
• Versões: Bitencourt mudou a versão anterior e disse que Cid foi um "assessor competente e preparado", realizando ações em favor de Bolsonaro, sem, de fato, ser apenas um cumpridor de ordens.
• Responsabilidade pelos atos: Ele disse ainda que é "advogado da defesa, não acusador". Segundo militares próximos da família de Cid, a tendência é que o tenente-coronel assuma a responsabilidade pelos atos ao invés de transferir a culpa para Bolsonaro.
• Cid fará delação? "A gente não pensa em delação, não tem nem por quê. Possibilidade zero. Vou fazer a defesa do Cid, não tem porque delatar ninguém. Eu sou contra isso", afirmou o advogado, descartando a chance de Cid fechar uma delação premiada.
• Preso há 3 meses: Cid está preso desde maio no Batalhão do Exército, em Brasília. A prisão dele ocorreu no bojo de uma operação sobre a inserção de dados falsos de vacinação da covid-19 no sistema do Ministério da Saúde. Bitencourt acredita que a prisão se tornou desnecessária com o tempo. "Eu acho a prisão desnecessária. Não tem por que ele estar preso já há tanto tempo. Mas isso eu vou resolver com o Judiciário", disse.
• Operação Lucas 12:2: Na sexta-feira passada, 11, a PF fez buscas em endereços ligados ao general do Exército Mauro César Lourena Cid, pai de Mauro Cid, e de Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro. A PF informou que os investigados são suspeitos de utilizar a estrutura do Estado para desviar bens de alto valor patrimonial, entregues por autoridades estrangeiras em missões oficiais a representantes do Estado brasileiro, por meio da venda desses itens no exterior.