PF vai intimar ministro do GSI a depor em investigação sobre atos golpistas
Câmeras de segurança mostraram Gonçalves Dias no 3° andar do Palácio do Planalto durante os ataques em Brasília
A Polícia Federal vai intimar o agora ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias, a prestar depoimento sobre os atos golpistas de 8 de janeiro. A decisão foi tomada em resposta à divulgação, pela CNN Brasil, de imagens que mostram o ministro dentro do Palácio do Planalto durante a invasão em Brasília.
Gonçalves Dias pediu seu demissão do cargo no início da tarde desta quarta-fera, 19, depois de reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A informação sobre a saída foi confirmada pela Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República.
Em nota, a pasta informou que o pedido partiu do próprio general e foi aceito pelo GSI. Além disso, a Secom ainda afirmou que a orientação do governo é de não haver impunidade para os envolvidos nos "atos criminosos" de 8 de janeiro.
A PF já ouviu 81 militares, incluindo três generais, sobre a invasão bolsonarista aos prédios do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal. A data da oitiva de Gonçalves Dias ainda não foi divulgada pela corporação.
Imagens mostram general no Planalto
A presença do general Gonçalves Dias no Palácio do Planalto veio à tona após divulgação de um vídeo pela CNN Brasil. Nas imagens, é possível ver que o general estava no Palácio do Planalto por volta das 16h30, momento em que os invasores já estavam lá.
Primeiro, é possível vê-lo caminhando sozinho no terceiro andar. Em seguida, o ministro tenta abrir duas portas e depois entra no gabinete.
No entanto, alguns minutos depois, o ministro é visto caminhando pelo mesmo corredor que passavam alguns dos invasores. Segundo a CNN Brasil, as imagens sugerem que ele indica a saída de emergência para as pessoas.
Logo depois, também aparecem nas imagens outros integrantes do GSI, que aparentam indicar também o caminho de saída para os invasores que estavam no terceiro andar.
Confira a nota completa da Presidência
"A violência terrorista que se instalou no dia 8 de janeiro contra os Três Poderes da República alcançou um governo recém-empossado, portanto, com muitas equipes ainda remanescentes da gestão anterior, inclusive no Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que foram afastados nos dias subsequentes ao episódio.
As imagens do dia 8 de janeiro estão em poder da Polícia Federal, que tem desde então investigado e realizado prisões de acordo com ordens judiciais.
No dia 17 de fevereiro, a Polícia Federal pediu autorização para investigar militares e, a partir do dia 27 de fevereiro, com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF), tem realizado tais investigações, inclusive com a realização de prisões.
Dessa forma, todos os militares envolvidos no dia 8 de janeiro já estão sendo identificados e investigados no âmbito do referido inquérito. Já foram ouvidos 81 militares, inclusive do GSI.
O governo tem tomado todas as medidas que lhe cabem na investigação do episódio.
E reafirma que todos os envolvidos em atos criminosos no dia 8 de janeiro, civis ou militares, estão sendo identificados pela Polícia Federal e apresentados ao Ministério Público e ao Poder Judiciário.
A orientação do governo permanece a mesma: não haverá impunidade para os envolvidos nos atos criminosos de 8 de janeiro."
O que diz o GSI
Sobre o vídeo, o GSI afirmou que as imagens mostram a atuação dos agentes de segurança. Em um primeiro momento, eles tentavam evacuar os quarto e terceiro pisos do Palácio do Planalto, concentrando os manifestantes no segundo andar. A partir de então, o reforço do pelotão de choque da Polícia Militar do Distrito Federal viria a realizar a prisão dos invasores.
"Quanto às afirmações de que agentes do GSI teriam colaborado com os invasores do Palácio do Planalto, informa-se que as condutas de agentes públicos do GSI envolvidos estão sendo apuradas em sede de sindicância investigativa instaurada no âmbito deste Ministério e se condutas irregulares forem comprovadas, os respectivos autores serão responsabilizados", informou.
A pasta ainda destacou que as imagens das câmeras de segurança do Palácio do Planalto, gravadas no dia 8 de janeiro, fazem parte de inquérito policial instaurado no âmbito do STF (Supremo Tribunal Federal) e que o GSI não autorizou ou liberou qualquer imagem que não fosse destinada aos órgãos investigativos responsáveis, tendo em vista a proteção do sigilo do inquérito, previsto no art. 20 do Código de Processo Penal.