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Política

PF vai investigar se Bolsonaro tentou se antecipar a pedido de prisão ao passar 2 dias na embaixada

Ex-presidente se hospedou entre 12 e 14 de fevereiro na embaixada da Hungria, após ter sido obrigado pelo STF a entregar passaportes; defesa nega que visita tenha relação com busca por asilo político

25 mar 2024 - 17h22
(atualizado às 17h45)
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Bolsonaro se escondeu na embaixada da Hungria após ter passaporte apreendido, diz NYT
Bolsonaro se escondeu na embaixada da Hungria após ter passaporte apreendido, diz NYT
Foto: Reprodução

A Polícia Federal (PF) vai investigar se o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou articular alguma manobra diplomática para evitar ser preso no inquérito do golpe. As suspeitas surgiram depois que Bolsonaro admitiu ter passado dois dias na embaixada da Hungria no Brasil, entre 12 e 14 de fevereiro, após ter sido obrigado a entregar os passaportes na investigação. A revelação foi feita pelo jornal americano New York Times.

Os policiais federais querem saber se Bolsonaro pediu asilo político, o que a defesa do ex-presidente nega. Os advogados alegam que ele esteve no prédio para "manter contatos com autoridades do país" e atualizar os representantes húngaros sobre o "cenário político das duas nações".

"Quaisquer outras interpretações que extrapolem as informações aqui repassadas se constituem em evidente obra ficcional, sem relação com a realidade dos fatos e são, na prática, mais um rol de fake news", sustenta a defesa do ex-presidente, que se pronunciou após o jornal dos Estados Unidos The New York Times revelar a visita.

O embaixador da Hungria e o próprio Bolsonaro devem ser intimados a prestar depoimento. O diplomata deve ser ouvido na qualidade de testemunha. Nesse caso, por ter imunidade diplomática, não é obrigado a comparecer.

Bolsonaro se escondeu na embaixada da Hungria após ter passaporte apreendido, diz NYT:

Especialistas ouvidos pelo Estadão avaliam que o ex-presidente pode ser preso preventivamente na investigação se ficar comprovado que ele tentou se antecipar a um eventual mandado de prisão, o que poderia configurar uma tentativa de impedir a aplicação da lei penal.

Bolsonaro é investigado por suspeita de montar um plano golpista para se manter no poder após a derrota nas eleições de 2022. O general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, atribuiu ao ex-presidente a articulação de reuniões com comandantes das Forças Armadas para discutir "hipóteses de utilização de institutos jurídicos como GLO (Garantia da Lei e da Ordem), estado de defesa e sítio em relação ao processo eleitoral".

O ex-comandante da Aeronáutica, brigadeiro Carlos Almeida Baptista Júnior, também relatou à Polícia Federal que Bolsonaro aventou a possibilidade de golpe. Em outro trecho do depoimento, afirmou que se retirou de uma reunião com o ex-presidente e se recusou a receber uma proposta de decreto golpista.

Além dos depoimentos, outro indício complica a situação do ex-presidente: um áudio enviado por Mauro Cid que sugere que Bolsonaro ajudou a redigir e editar uma minuta de golpe.

Estadão
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