PGR pode incluir acusação de empresário contra Bolsonaro
A Procuradoria-Geral da República (PGR) informou neste domingo que vai analisar se pede a inclusão no inquérito em curso no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre suposta interferência do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal as acusações feitas pelo empresário Paulo Marinho, suplente do senador Flávio Bolsonaro, de suposto vazamento e atraso de uma operação pela PF.
Marinho disse, em entrevista publicada neste domingo pelo jornal Folha de S.Paulo, ter ouvido do filho do presidente informações de que um delegado da Polícia Federal antecipou-lhe que o assessor dele à época da Assembleia Legislativa no Rio de Janeiro Fabrício Queiroz seria alvo de uma operação, conforme a publicação.
"O procurador-geral da República (Augusto Aras) analisará o relato junto com a equipe de procuradores que atua em seu gabinete em matéria penal", informou a assessoria de imprensa da PGR.
A pedido da PGR, o Supremo investiga a acusação feita pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro de que Bolsonaro tentou interferir no comando da PF. Por ora, a defesa de Moro vai esperar a manifestação da PGR para decidir se tomará alguma providência no caso, informou a assessoria do ex-ministro.
Conforme o relato de Marinho à Folha, o delegado que teria vazado a informação --que estaria lotado na Superintendência da PF no Rio de Janeiro-- tinha avisado a Flávio sobre a operação envolvendo Queiroz entre o primeiro e segundo turnos da eleição de 2018.
Os policiais teriam também segurado a operação para que ela não fosse realizada antes do 2º turno, o que poderia atrapalhar a candidatura do pai do senador, então candidato a presidente Jair Bolsonaro, segundo o relato de Marinho à Folha, citando o que teria ouvido de Flávio. Àquela altura, o filho mais velho de Bolsonaro já tinha sido eleito senador.
Segundo Marinho, Flávio teria comunicado ao pai o episódio e ambos combinaram demitir Queiroz do cargo de assessor na Assembleia fluminense. A operação Furna da Onça, um dos desdobramentos da Lava Jato no Rio e que investiga um esquema de lavagem de dinheiro e de desvio de verba de gabinetes da Alerj, foi deflagrada no dia 8 de novembro e teve Queiroz como um dos alvos.
Flavio Bolsonaro disse em nota neste domingo que as "estórias" relatadas por Marinho "não passam de invenção de alguém desesperado e sem votos".
"Preferiu virar as costas a quem lhe estendeu a mão. Trocou a família Bolsonaro por (Doria e Witzel, parece ter sido tomado pela ambição. É fácil entender esse tipo de ataque ao lembrar que ele, Paulo Marinho, tem interesse em me prejudicar, já que seria meu substituto no Senado", disse, fazendo referência aos governadores de São Paulo, João Doria (PSDB), e Wilson Witzel (PSC), que são adversários do presidente.
"Ele sabe que jamais teria condições de ganhar nas urnas e tenta no tapetão. E por que somente agora inventa isso, às vésperas das eleições municipais em que ele se coloca como pré-candidato do PSDB à Prefeitura do Rio, e não à época em que ele diz terem acontecido os fatos, dois anos atrás?", completou.
A questão referente à suposta tentativa de interferência do presidente nos trabalhos da PF está no centro das acusações feitas pelo ex-ministro Sergio Moro a Bolsonaro, caso esse sob investigação em inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF).