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Política

PL das Fake News: aliados de Bolsonaro dominam debate e tese de 'censura' prevalece nas redes

Levantamento da agência .MAP mostra que publicações bolsonaristas sobre regulação das redes sociais detêm quase a metade de toda a discussão nas plataformas digitais

27 abr 2023 - 16h22
(atualizado às 17h26)
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O presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco, durante a sessão conjunta onde fez a leitura para instauração da comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI).
O presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco, durante a sessão conjunta onde fez a leitura para instauração da comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI).
Foto: Wilton Junior/Estadão / Estadão

Enquanto as bancadas na Câmara dos deputados eram mobilizadas para votar o regime de urgência na tramitação do projeto de lei das Fake News, os aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, contrários à proposta, dominaram o debate sobre o assunto nas redes sociais. Segundo levantamento da .MAP, agência de inteligência em dados e mídias, aliados do ex-chefe do Executivo tiveram uma participação de 46,3% nas discussões sobre o tema nas plataformas digitais entre segunda-feira, 24, e ontem. A tramitação mais rápida acabou aprovada no fim da tarde de terça, 25, em votação acirrada.

Nas últimas semanas, como mostrou o Estadão, um grupo de mais de 100 deputados, a maioria de bolsonaristas, e as big techs como Google e Meta, dona do Facebook, já vinham trabalhando para adiar a votação. Após a aprovação da urgência, o texto deve ir a voto em plenário já na semana que vem. Nas redes sociais, dias antes do debate na Câmara, aliados do ex-presidente também conduziram uma intensa campanha definindo a proposta como "PL da Censura" e buscando emplacar a hashtag "Não ao PL 2630?.

Essa campanha contribuiu para que o termo 'censura' fosse o tema mais associado ao PL nas redes sociais. Segundo o levantamento, em 35,5% das postagens, essa situação é percebida, junto com usuários desaprovando a proposta. A regulação das mídias é o segundo aspecto mais discutido do projeto de lei nas redes, abarcando 30,89% das manifestações sobre o assunto, e com um apoio de 61,31% dos perfis que se pronunciam publicamente sobre o texto.

Do outro lado do espectro, defensores da regulação e apoiadores do governo Luiz Inácio Lula da Silva deteve, nesse mesmo período, 36,17% das publicações, sendo todas favoráveis à aprovação do regime de urgência e do teor do texto.

A pesquisa ainda mostra que o PL das Fake News entrou no radar das redes sociais como o assunto mais comentado no período analisado (segunda a quarta) com 15,5% das manifestações. O assunto ultrapassou outros acontecimentos políticos citados nas plataformas digitais como Enem, a abertura da CPMI dos Atos Golpistas e o caso joias - relevado pelo Estadão - envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Nesta terça-feira, 25, a Câmara dos Deputados aprovou o regime de urgência para a tramitação do projeto de lei das Fake News com 238 votos a favor e 192 contrários. A tramitação mais rápida passou após o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), usar o regimento interno para diminuir a quantidade de votos necessários para aprovação. Essa mudança favoreceu o governo, já que caso Lira não usasse do poder que tem, os aliados de Lula precisariam de 257 votos para aprovar o regime de votação mais rápida.

O PL prevê novas diretrizes para as redes sociais em relação a crianças e adolescentes, veiculação de notícias, divulgação de conteúdo falso e impulsionamento de propaganda eleitoral e de conteúdos políticos. O texto coloca frente a frente interesses de diferentes grupos políticos e setores da sociedade. Enquanto alguns aprovam a ideia de novas diretrizes para as redes sociais sob a justificativa de controlar "conteúdos críticos" e notícias falsas, outros alegam se tratar de censura e do fim da "liberdade individual".

O levantamento da .MAP analisou publicações no Twitter e em perfis abertos do Facebook entre entre segunda-feira, 24, e a manhã desta quarta-feira, 26.

Estadão
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