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Política

Alta rejeição a Temer impede Planalto de "defender legado"

9 mar 2018 - 17h01
(atualizado às 17h13)
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Presidente Michel Temer durante cerimônia em Brasília
07/03/2018 REUTERS/Ueslei Marcelino
Presidente Michel Temer durante cerimônia em Brasília 07/03/2018 REUTERS/Ueslei Marcelino
Foto: Reuters

Em meio ao cenário eleitoral nebuloso, o presidente Michel Temer, seus auxiliares e ministros mais próximos apostam numa candidatura ao Palácio do Planalto de defesa do legado reformista do governo em outubro, podendo ser ele próprio o postulante ou o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, mas a rejeição do chefe do Executivo emperra o plano, reconhecem interlocutores de Temer.

O caminho já foi definido: Temer será o candidato, se quiser, mas Meirelles é o Plano B do núcleo próximo do presidente, diante dos movimentos de afastamento feitos pelo PSDB, do governador paulista, Geraldo Alckmin, e do DEM, do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (RJ), outros dois postulantes ao Planalto que têm disputado o mesmo arco de apoios.

Fontes ouvidas pela Reuters já apostam em Meirelles, que, apesar de ter apenas 1 por cento das intenções de voto nas últimas pesquisas, não traz consigo os mais de 70 por cento de rejeição arrebanhados por Temer em menos de dois anos de governo.

Sem espaço em seu partido, o PSD, que não vê futuro em sua candidatura, Meirelles já admitiu estar conversando com o MDB. O presidente da sigla, senador Romero Jucá (RR), já lhe ofereceu legenda, mesmo que sem garantir a vaga de candidato a presidente. De acordo com uma fonte próxima ao ministro, Meirelles quer mudar.

"Não tem como garantir a legenda antes do presidente se definir, isso não dá", disse uma das fontes ligadas a Temer. Ainda de acordo com esta fonte, o presidente gostaria sim de ser candidato, apesar das negativas oficiais, e está cercado por uma "torcida" palaciana.

Contudo, a forte rejeição a Temer persiste --conforme pesquisas de opinião-- mesmo depois de o governo ter apostado alto na mudança do discurso em defesa da reforma da Previdência, que não agradava ninguém, pelo investimento em segurança pública. Apesar de 70 por cento aprovarem a intervenção federal na segurança no Rio de Janeiro, nada dessa positividade colou no presidente.

A falta de resultado desanima quem apostava em avanços mais concretos na popularidade até abril ou maio deste ano. As contas de fontes palacianas apontavam que, com uma aprovação de 15 por cento e uma rejeição de 50 por cento, Temer se tornaria viável eleitoralmente.

"A rejeição é o grande problema. Nem é o numero de votos, é a rejeição. E não evolui isso", analisa a fonte.

Temer ainda foi surpreendido nesta semana com a divulgação da decisão do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou a quebra do seu sigilo bancário no chamado inquérito dos portos, que o investiga por suposto recebimento de propina para atender a interesses de um grupo empresarial na edição de um decreto ano passado que alterou regras para o setor portuário.

Uma fonte próxima a Temer admitiu que, no momento em o presidente estava ensaiando uma candidatura, levou uma "porrada" de Barroso.

Sem candidato bom

Por seu lado, Meirelles é visto como o candidato possível, mas longe do ideal, mesmo estando melhor situado, neste momento, para representar o governo Temer nas urnas. 

"O Meirelles passou a ser um cara que pode ser o sucessor desse legado (do governo). A dificuldade é o aparelhamento dele para ser candidato. Ele não é um candidato bom", avalia uma das fontes.

"Dá para construir o possível. É um cara experiente, um cara inteligente, mas não sabe se expressar direito. Nós não vamos trabalhar com o ideal, vamos trabalhar com o possível."

Um dos fatores que, embora não seja determinante, pode ajudar Meirelles é o fato de o ministro ter um grande patrimônio e poder arcar com boa parte do financiamento de sua própria campanha. Com a proibição das doações empresariais, isso abriria espaço nos recursos dos fundos partidário e eleitoral do MDB para postulantes a outros cargos.

"É bom, mas não é isso que vai decidir, não é um fator determinante. Agrega, mas não decide", disse uma das fontes ligadas à legenda.

Meirelles tem dito que gostaria de ser candidato, mas ainda empurra a definição para o início de abril, quando, se quiser realmente disputar a eleição, terá que deixar o governo. No entanto, segundo fontes próximas ao ministro, ele já conversou com Temer e ouviu a promessa de que poderá vir a ser sim o candidato do governo.

Ainda assim, admite uma fonte emedebista que conversa com Meirelles, o ministro pode vir a dar "um salto no escuro" e acabar ficando sem candidatura se Temer se viabilizar. "Aí ele pode ser um vice. O partido não vai ter tantas coligações assim para escolher", analisou a fonte.

As outras alternativas para o governo, como um apoio a Alckmin ou a Maia, são hoje hipóteses bem mais distantes. No momento, por exemplo, não há diálogo nenhum com o tucano, disse uma das fontes.

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