Planalto pretende ignorar volta de Bolsonaro a Brasília
O Palácio do Planalto pretende ignorar a volta do ex-presidente Jair Bolsonaro ao Brasil, programada para a manhã de quinta-feira, e a ordem é não tecer comentários ou mudar qualquer programação por causa da presença do ex-presidente em Brasília, disseram fontes ouvidas pela Reuters.
Lula, que passou os últimos dias despachando no Palácio da Alvorada por causa de uma pneumonia, pretende ir na quinta para o Planalto. Mesmo com a Esplanada dos Ministérios fechada por ordem da segurança do Distrito Federal, para evitar a entrada de possíveis manifestantes, Lula tem um evento marcado pela manhã, a recepção da taça da copa do mundo de futebol feminino.
Ao sair do Palácio do Planalto, na manhã desta quarta-feira, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou que a segurança ficou a cargo do governo do Distrito Federal e o governo federal espera que as medidas de segurança sejam tomadas para evitar novos problemas. "Mas isso não interfere em nada na rotina do presidente", disse.
Ao ser perguntado como o governo vê o retorno de Bolsonaro, Padilha frisou que o Planalto não tem qualquer posição a respeito.
"Não cabe ao Palácio do Planalto ver a circulação de qualquer pessoa que se declara de oposição, muito menos de um ex-presidente que fugiu do país", disse.
Bolsonaro chega a Brasília em um voo comercial às 7h10, vindo de Orlando, para onde viajou no dia 30 de dezembro para não dar posse a Lula.
O PL, seu partido, organizou uma recepção para deputados em um auditório próximo a sua sede, mas não há previsão de Bolsonaro participar de grandes manifestações. Por razões de segurança, apoiadores devem ser impedidos de esperar o ex-presidente no saguão do aeroporto.
De acordo com uma das fontes ouvidas pela Reuters, a ordem no Planalto é evitar dar espaço a Bolsonaro e na medida do possível ignorar possíveis atos do ex-presidente.
"A questão é deixá-lo falando para a própria bolha. Quando ele fala algum absurdo muito grande, o governo responde, mas já se viu com o caso do Moro que o melhor é não dar palco", disse a fonte.
Apesar da posição do Planalto, a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, gravou um vídeo distribuído em suas redes mandando "um recado" a Bolsonaro, ressaltando melhorias feitas pelo atual governo e chamando o ex-presidente de genocida.
"Você pode voltar quando quiser. O que não voltará jamais é o tempo sombrio em que você infelicitou esse país", termina Gleisi.