Polícia Federal prende 'hacker da Vaza Jato' e faz buscas em endereço de Zambelli
Quatro mandados de busca e apreensão e um de prisão preventiva são cumpridos nesta quarta-feira
A Polícia Federal (PF) prendeu na manhã desta quarta-feira, 2, Walter Delgatti, conhecido como "hacker da Vaza Jato", durante a Operação 3FA, que investiga a invasão dos sistemas do Poder Judiciário da União. A ação também faz buscas em endereços da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP).
Foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão e um mandado de prisão preventiva no estado de São Paulo e três mandados de busca e apreensão no Distrito Federal. A PF ainda não deu detalhes sobre os materiais apreendidos, que serão analisados pelos investigadores.
Entre os dias 4 e 6 de janeiro de 2023, os sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) foram invadidos para a inserção de documentos e alvarás de soltura falsos no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP).
Os fatos investigados, segundo a Polícia Federal, configuram os crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica.
Confirmada pelo ministro da Justiça, Flávio Dino, a operação foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.
Em prosseguimento às ações em defesa da Constituição e da ordem jurídica, a Polícia Federal está cumprindo mandados judiciais relativos a invasões ou tentativas de invasões de sistemas informatizados do Poder Judiciário da União, no contexto dos ataques às instituições.
— Flávio Dino 🇧🇷 (@FlavioDino) August 2, 2023
O nome da Operação 3FA é uma referência à autenticação de dois fatores (2FA), método de segurança de gerenciamento de identidade e acesso que exige duas formas de identificação para acessar recursos e dados.
Terceira prisão
Nesta quarta-feira, 2, Walter Delgatti foi detido pela terceira vez. Sua primeira prisão ocorreu em julho de 2019, durante a Operação Spoofing, que desarticulou uma "organização criminosa envolvida em crimes cibernéticos", de acordo com a Polícia Federal. As investigações revelaram que o grupo havia acessado contas do aplicativo de mensagens Telegram utilizadas por autoridades.
Em setembro de 2020, o hacker foi autorizado a responder ao processo em liberdade, porém sob algumas restrições, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de acesso à internet.
Em junho deste ano, Delgatti foi novamente preso por violar as medidas judiciais. Ele admitiu à PF que estava administrando as redes sociais e o site de Carla Zambelli, o que desrespeitava as condições estabelecidas para sua liberdade provisória.
Em 10 de julho, a Justiça mais uma vez autorizou sua soltura, com a condição de que ele utilizasse novamente a tornozeleira eletrônica.
Delação
Delgatti afirmou que faria uma delação premiada, e estaria interessado em detalhar à PF os serviços que prestou para a deputada federal Carla Zambelli durante o período eleitoral de 2022. O serviço incluía tentativas de fraudar urnas eletrônicas.
As informações foram apuradas pelo blog da Andréia Sadi, da GloboNews, com colaboração de Octavio Guedes, conforme noticiado nesta terça-feira, 1º. O hacker entregou para a investigação os extratos de pagamentos bancários que ligariam Zambelli a ele. A deputada negou qualquer relação de trabalho com Delgatti.
Além da relação com a deputada, o hacker também afirmou querer detalhar como foi uma conversa que teve com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Palácio da Alvorada. Ele diz que teria tido uma ligação com Bolsonaro intermediada por Zambelli.
Segundo o Delgatti, Bolsonaro teria pedido para acessar o código fonte do TSE, além de acessar o email de Alexandre de Moraes. A interlocutores, Delgatti disse ainda que o ex-presidente teria prometido a ele indulto caso algo acontecesse.
O hacker diz que Bolsonaro teria feito pedidos para acessar o código fonte do TSE, além de acessar o email de Alexandre de Moraes. A interlocutores, Delgatti disse ainda que o ex-presidente teria prometido a ele indulto caso algo acontecesse.