Políticos põem mais dinheiro na campanha que recebem doações
Partidos privilegiaram candidatos que pudessem se bancar
Somadas, as doações de pessoas físicas, doações via internet e financiamento coletivo não alcançam o total de recursos próprios usados por candidatos em suas campanhas para as eleições 2018. Enquanto o primeiro grupo soma R$ 181.362.616,40, as doações a si mesmo chegam a R$ 186.576.196,40.
Os partidos privilegiaram candidatos que pudessem e se comprometessem a bancar a própria campanha. Assim, poderiam distribuir mais dinheiro dos fundos eleitoral e partidário aos outros postulantes.
Para as legendas, é estratégico ter campanhas fortes para o Legislativo federal e eleger deputados. Quanto mais representantes a sigla fizer na Câmara, maior a fatia do fundo partidário que receberá, assim como do fundo eleitoral.
Além disso, é necessário um desempenho mínimo nas eleições proporcionais para o partido ter acesso ao fundo partidário e ao tempo de rádio e TV a partir do ano que vem. Esse obstáculo aumentará progressivamente até 2030.
Exemplo de político que se comprometeu a bancar a própria campanha é Henrique Meirelles (MDB). Com patrimônio declarado ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de R$ 377.496.700,70, o ex-ministro da Fazenda colocou R$ 45 milhões do próprio bolso. Até agora, não declarou nenhuma outra receita.
O Terra comparou os números das doações com os recursos próprios dos candidatos com base nos dados da primeira prestação de contas da campanha eleitoral, disponível no site do TSE.
Os R$ 181.362.616,40 doados por pessoas não necessariamente envolvidas na disputa representam 9,0061% do total de R$ 2.013.766.193,32 declarados até agora. Os recursos próprios dos candidatos são 9,2650%.
A maioria do dinheiro disponível para campanhas veio dos partidos políticos, oriundos principalmente dos fundos eleitoral e partidário. Foram R$ 1.548.382.923,39 com essa origem, equivalente a 76,89% do total.