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Política

Posse de Lula: quem é homem fardado que se destacou carregando Bíblia na cerimônia

Deputado federal Pastor Isidório (Avante-BA) que é ex-sargento da PM e pastor da Assembleia de Deus, causou comoção nas redes sociais.

1 jan 2023 - 19h54
(atualizado às 20h19)
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Pastor Sargento Isidório repercutiu nas redes sociais ao segurar Bíblia durante cerimônia de posse de Lula
Pastor Sargento Isidório repercutiu nas redes sociais ao segurar Bíblia durante cerimônia de posse de Lula
Foto: Reprodução / BBC News Brasil

Em meio à cerimônia de posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), uma figura chamou a atenção e despertou reações nas redes sociais. Em diversos momentos do evento, um homem fardado carregando uma Bíblia aberta acima da cabeça, erguendo-a com a mão direita. Trata-se do deputado federal Pastor Isidório (Avante-BA).

O deputado, que é ex-sargento da PM e pastor da Assembleia de Deus, costuma se apresentar com trajes militares e com a Bíblia na mão.

Reportagens sobre o político apontam que, há cerca de 30 anos, criou a Fundação Doutor Jesus, que ele define como um centro de recuperação de usuários de drogas em Candeias, região metropolitana de Salvador.

Em 2018, Isidório foi o parlamentar federal mais votado da Bahia, com 323 mil votos. Já em 2022, conseguiu ser reeleito, mas com uma votação menos expressiva: pouco mais de 77 mil votos.

Em 2019, o pastor causou polêmica ao apresentar um projeto para conferir à Bíblia o título de "Patrimônio Nacional, Cultural e Imaterial do Brasil e da Humanidade".

Segundo reportagem publicada no jornal O Globo à época, o pastor se declara ex-gay e considera a homossexualidade um pecado. Ele, no entanto, nega que a sua fundação promova a "cura gay", mas afirma que é comum que gays admitidos no local digam que foram "curados" após o tratamento.

Qualquer tipo de terapia que seja considerada "cura gay" é proibida no Brasil.

Durante posse de Lula, parlamentar ficou com a Bíblia nas mãos (em destaque vermelho)
Durante posse de Lula, parlamentar ficou com a Bíblia nas mãos (em destaque vermelho)
Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado / BBC News Brasil

Apoio a Lula e popularidade na Bahia

Oposição a Jair Bolsonaro durante o governo do ex-presidente, ele foi defensor ferrenho de Lula durante as eleições deste ano.

Quando o atual presidente foi eleito, Isidório comemorou nas redes sociais. "Gratidão a todos e todas que depositaram o amor nas urnas hoje. A palavra é avançar! Vamos avançar com as políticas públicas que cuidam de gente", escreveu o deputado federal.

"O amor venceu o ódio. Glória ao Deus da Bíblia", escreveu, na legenda de uma foto compartilhada em seu perfil no Instagram.

Reportagem publicada pela revista Piauí em outubro de 2018 apresentava o pastor-sargento como um fenômeno eleitoral na Bahia; naquele ano, ele teve quase o dobro do número de votos do segundo deputado mais votado, Otto Alencar Filho, do PSD (185 mil votos).

Casado e pai de sete filhos, Isidório costumava dizer que é um "ex-homossexual" convertido pelo Evangelho, de acordo com a publicação. Temas progressistas sobre sexualidade e identidade de gênero, sobretudo nas escolas, ganham o repúdio do pastor que recorrentemente defende a "preservação dos valores da família".

Ainda de acordo com a reportagem, Isidório foi policial militar e entrou para a política após participar de greves de PMs, em Salvador, reivindicando aumento de salário e melhores condições de trabalho para a corporação. No episódio, acabou preso e torturado nas dependências da polícia. Mais tarde, o coronel responsabilizado pelo ato contra ele foi condenado por tortura.

'Para conversar com doido, só outro doido'

Em maio de 2019, o deputado viralizou nas redes sociais ao se oferecer para conversar com Bolsonaro sobre mudanças no decreto de flexibilização de armas.

"Eu entendo que é chegada hora de buscar interlocução. Esta Casa precisa tirar uma comissão, ou um parlamentar, para conversar com o presidente da República", afirmou. "E pelo perfil dele, me sinto preparado para falar com ele se for necessário. Porque venho da Bahia, sou conhecido como doido. E para conversar com doido, só outro doido."

Segundo reportagem publicada pelo site Poder360 à época, o congressista é um opositor da liberação do porte de armas defendida por Bolsonaro.

Ele chegou a fazer uma performance em um corredor da Câmara dos Deputados, simulando que havia sido baleado. Caído ao chão, falava em voz alta as suas ideias.

"Imagine o inferno que será esta nação com todos os políticos armados. Imagine a discussão da reforma da Previdência. Se por chamar o ministro de 'tchuchuca' terminou daquele jeito, agora imagine terminando na bala", dizia, segundo a reportagem.

Posse sem Bolsonaro, com representantes do povo

Após subir a rampa do Palácio do Planalto na tarde deste domingo (1/1), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu a faixa presidencial de maneira simbólica "das mãos do povo brasileiro", como foi narrado oficialmente na cerimônia de posse. O presidente da República chorou logo após receber a faixa.

Lula subiu a rampa acompanhado por pessoas que representam a diversidade brasileira, além da cadela Resistência, pertencente a Lula e à esposa, Rosângela da Silva, conhecida como Janja,

Um ponto incomum da cerimônia foi o fato de que a faixa presidencial não foi transmitida pelo presidente no cargo, como é de costume. Jair Bolsonaro (PL) não reconheceu publicamente a vitória de Lula e viajou para os Estados Unidos pouco antes da transmissão de cargo.

A solução encontrada pela organização da cerimônia, liderada por Janja, foi que o grupo de pessoas assumisse essa função.

O presidente Lula chorou logo após receber a faixa de representantes da sociedade brasileira
O presidente Lula chorou logo após receber a faixa de representantes da sociedade brasileira
Foto: Reuters / BBC News Brasil

- Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/brasil-64142130

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