Presidente do Solidariedade bancou viagens da família com 'Fundão', diz PF
Segundo PF, Eurípedes Gomes de Macedo Júnior desviou recursos do partido para pagar passagens aéreas, hotéis de luxo e cruzeiros
O presidente do Solidariedade, Eurípedes Gomes de Macedo Júnior, principal alvo da Operação Fundo no Poço por suspeita de desviar R$ 36 milhões dos fundos partidário e eleitoral, é apontado pela Polícia Federal (PF) como líder da organização criminosa. Segundo as investigações, os recursos desviados foram utilizados para aquisição de bens e financiamento de viagens internacionais para sua família. O dirigente políco teve a prisão preventiva decretada, mas está foragido. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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Além de Eurípedes, estão sob investigação outros familiares do político, suspeitos de atuarem como "testas de ferro" no esquema. Entre eles estão sua esposa, Ariele de Oliveira Coimbra Macedo, seu irmão, Fabrício George Gomes dos Santos, sua cunhada, Kelle Pereira da Silva Dutra, sua mãe, Maria Aparecida dos Santos, seu primo, Alessandro Sousa da Silva, além de seus filhos e sobrinhos. Alguns desses familiares ocupam cargos de gestão no Solidariedade.
A decisão que autorizou a operação detalha como recursos repassados ao partido teriam sido desviados para financiar viagens internacionais da família. A investigação cita diversos destinos, incluindo Emirados Árabes, França, República Dominicana, Estados Unidos, México e Itália.
De acordo com os investigadores, o presidente do Solidariedade teria se apropriado de recursos do partido para pagar passagens aéreas, hospedagens em hotéis de luxo e até cruzeiros. A PF identificou uma transferência de R$ 100 mil para uma empresa de turismo em 13 de março de 2022, poucos dias antes de o político ser afastado da direção do partido. Ele retomou o cargo meses depois.
Na descrição da nota consta: "Crédito para ser utilizado em viagens nacionais e internacionais, locação de carro, hospedagem, salas de reunião e eventos, seguro viagem e bilhetes aéreos nacionais e internacionais". Para os investigadores, ao perceber que corria risco de perder acesso à gestão do dinheiro do partido, Eurípedes "buscou garantir um crédito com uma agência de turismo para custeio de suas viagens".
A PF destacou dois destinos que chamaram sua atenção: Miami e Orlando. Isso se deve ao fato de que as viagens frequentemente incluíam escalas prolongadas no Panamá, conhecido por ser um paraíso fiscal.
Agora, os agentes iniciarão investigações para verificar se a família mantém contas em offshores --empresas registradas em países ou territórios com legislação favorável, geralmente com baixa tributação ou sem taxação sobre certas transações financeiras.
PF apreende helicóptero de R$ 5 milhões
Nesta quarta-feira, 12, a PF apreendeu o helicóptero usado por Eurípedes. A aeronave, adquirida em 2015 por R$ 2,5 milhões, está avaliada em R$ 5 milhões. A PF afirma que a compra foi feita com dinheiro desviado. Segundo as investigações, Eurípedes Júnior utilizava o helicóptero para se deslocar de Planaltina (GO) até a sede do extinto Partido Republicano da Ordem Social (Pros), em Brasília.
Ainda de acordo com informações da PF, o piloto registrado do helicóptero aparece na lista de funcionário do partido Solidariedade. Ele também foi alvo de um mandado de busca e apreensão realizado pela PF ontem.
A PF cumpriu 7 mandados de prisão preventiva e 45 mandados de busca e apreensão em dois estados (Goiás e São Paulo) e no Distrito Federal. Além disso, houve o bloqueio de R$ 36 milhões e o sequestro judicial de 33 imóveis, medidas deferidas pela Justiça Eleitoral do Distrito Federal.