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Política

Pressionado, Bolsonaro decide tirar Pazuello da Saúde

A cardiologista Ludhmila Hajjar é a mais forte candidata para substituir o general Eduardo Pazuello

14 mar 2021 - 18h28
(atualizado às 18h54)
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Pressionado pela explosão de internações pela covid-19 e frustrações na campanha de vacinação, o presidente da República, Jair Bolsonaro, vai trocar o comando do Ministério da Saúde. A cardiologista Ludhmila Hajjar é a mais forte candidata para substituir o general Eduardo Pazuello e se reuniu na tarde deste domingo, 14, com Bolsonaro no Palácio da Alvorada, segundo a assessoria do Planalto. A conversa foi inconclusiva.

A informação sobre o convite à médica foi antecipada pela Coluna do Estadão. Um político que participa das negociações afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo que Pazuello perdeu as condições de continuar no cargo.

Ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, conversa com presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia de anúncio da operacionalização do plano de vacinação contra Covid-19 no Palácio do Planalto
16/12/2020 REUTERS/Ueslei Marcelino
Ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, conversa com presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia de anúncio da operacionalização do plano de vacinação contra Covid-19 no Palácio do Planalto 16/12/2020 REUTERS/Ueslei Marcelino
Foto: Reuters

Oficialmente, o governo vai alegar que ele está cansado e pediu para ser substituído. O nome da médica é considerado uma unanimidade tanto no meio político quanto no jurídico.

Ela costuma atender pacientes em hospitais de Brasília que recebem autoridades, o que a torna conhecida na capital do País. A definição sobre o nome depende agora exclusivamente de Bolsonaro e se ele vai se adaptar ao estilo da médica.

Em nota no fim da tarde deste domingo, Pazuello disse que segue ministro. "Não estou doente, não entreguei o meu cargo e o presidente não o pediu, mas o entregarei assim que o presidente solicitar. Sigo como ministro da Saúde no combate ao coronavírus e salvando mais vidas."

A troca na Saúde, a terceira no governo Bolsonaro, foi um dos temas de reunião com militares feita na noite passada entre o presidente, o próprio Pazuello e os ministros Walter Braga Netto (Casa Civil), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e Fernando Azevedo (Defesa), todos generais. Duas fontes da cúpula do governo confirmaram ao jornal O Estado de S. Paulo a saída de Pazuello.

Segundo autoridades que acompanham a discussão, Bolsonaro resiste a entregar a Saúde a um político do Centrão. Por isso, a alternativa mais provável passou a ser a entrada de um profissional da saúde.

Nos bastidores, Ludhmila tem a simpatia de políticos influentes do Progressistas, partido do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL). Pelo Twitter, na tarde deste domingo, Lira defendeu a nomeação. "Coloquei os atributos necessários para o bom desempenho à frente da pandemia: capacidade técnica e de diálogo político com os inúmeros entes federativos e instâncias técnicas. São exatamente as qualidades que enxergo na doutora Ludhmila", escreveu.

Parte da base governista no Centrão, porém, pressiona ainda pelo nome do deputado Luizinho (Progressistas-RJ), que há meses circula como opção no Palácio do Planalto e no Congresso.

Além de Ludhmila, o presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Marcelo Queiroga, também chegou a ser sugerido como opção a Bolsonaro.

Autoridades que acompanham a discussão afirmam que o ministro Ramos, da Secretaria de Governo, passou a articular a troca na Saúde nas últimas semanas, mas exige dos candidatos que militares sejam mantidos na cúpula da pasta.

Perfil

Cardiologista, Ludhmilla Hajjar se especializou em cuidados da covid-19. Ela acompanhou o tratamento do ministro Pazuello, no Hospital DF Star, em Brasília, além da internação de outras autoridades, como o então ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli, e a deputada bolsonarista Carla Zambelli (PSL-SP). Trabalhando para o hospital mais concorrido entre autoridades de Brasília, aproximou-se de políticos do Centrão e da família do presidente.

No passado, ela também já cuidou de tratamentos do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), aliado de Bolsonaro.

O pai dela, Samir Hajjar, é empresário e pecuarista de renome em Anápolis e tem proximidade com políticos locais, como o ex-deputado goiano Vilmar Rocha (PSD).

A médica rejeita o uso da cloroquina como tratamento para covid-19, uma aposta do governo Bolsonaro, e incentiva a vacinação.

Ela teve conversas com congressistas do Centrão na última semana e já havia sido cotada a ministra em abril de 2020, quando Luiz Henrique Mandetta (DEM) foi demitido do cargo. O escolhido, porém, foi o médico Nelson Teich, que ficou apenas um mês e deixou o governo por divergências com o presidente.

Em 2018, ela chegou a avaliar o estado de saúde de Bolsonaro, então candidato, quando recebeu uma facada em ato de campanha eleitoral em Juiz de Fora (MG).

Ludhmila viajou a Minas Gerais, na ocasião, como chefe de uma equipe de médicos do Hospital Sírio Libanês, tendo sido enviada pelo cardiologista Roberto Kalil Filho. Mas a família Bolsonaro optou que ele fosse transferido da Santa Casa de Misericórdia para o Hospital Israelita Albert Einstein.

"Trabalho com a Ludhmila há 14 anos. Ludhmila é uma profissional preparada, uma médica determinada que trabalha 24 horas por dia", afirmou Kalil ao jornal O Estado de S. Paulo.

Estadão
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