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Política

Prisão de Temer, foto com fuzil e 300 anos de cadeia para Cabral; relembre atuação de Marcelo Bretas

Juiz ganhou holofotes na esteira da Operação Lava Jato e teve decisões e postura questionadas; nesta terça-feira, foi suspenso pelo CNJ

28 fev 2023 - 19h24
(atualizado às 19h29)
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Marcelo Bretas conduziu os desdobramentos da Lava Jato no Estado do Rio
Marcelo Bretas conduziu os desdobramentos da Lava Jato no Estado do Rio
Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO / Estadão

O juiz Marcelo Bretas, da 7.ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, ganhou os holofotes do País na esteira da ascensão da Operação Lava Jato. Mais midiático do que o ex-juiz e atual senador Sérgio Moro, Bretas usou as redes sociais para se tornar um "comentarista" de temas do dia a dia e defender medidas e integrantes do governo Jair Bolsonaro. Com o declínio da Lava Jato, o magistrado carioca submergiu e nesta terça-feira, 28, foi suspenso de suas funções pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

A exposição de Bretas lhe rendeu questionamentos sobre sua parcialidade, reclamações no CNJ e citações em delações premiados sobre sua atuação à frente da vara federal do Rio.

As duas primeiras reclamações julgadas no CNJ são de autoria da Ordem dos Advogados do Brasil e do atual prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD-RJ). A terceira foi aberta pelo próprio Conselho, a partir do relatório de uma correição feita na 7.ª Vara Federal Criminal do Rio.

Paes acusa Bretas de conduzir um acordo de colaboração premiada baseado apenas em informações repassadas por terceiros com o intuito de favorecer a candidatura do então candidato ao governo do Estado, Wilson Witzel, na eleição de 2018.

Os questionamentos sobre a postura de Bretas se intensificaram durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. O juiz chegou a participar da cerimônia de posse do de Bolsonaro, já divulgou, por exemplo, foto em que segura um fuzil, defendeu o governo em uma postagem, além de parabenizar Flávio Bolsonaro pela eleição ao Senado. O filho "01? do presidente é alvo de investigação no Ministério Público do Rio.

Ele foi punido com uma censura do Tribunal Regional Federal da 2ª região por ter participado de dois eventos junto de Jair Bolsonaro (PL) em 15 de fevereiro de 2018. O magistrado esteve próximo do ex-presidente na inauguração de uma obra na Ponte Rio-Niterói e em um evento religioso na Praia do Botafogo.

Conhecido como o "Moro do Rio", Bretas não descartou seguir o caminho do ex-magistrado de Curitiba e entrar na política. Em 2019, Bretas afirmou: "Quem sabe se daqui a alguns anos, se eu me aposentar, eu não me torne um político, não é? Pode ser, eu não sei".

Assim como Moro, Bretas defende e utiliza a prisão preventiva e temporária - antes da condenação - de maneira considerada mais ampla do que a que vinha sendo adotada antes da Lava Jato. Uma das prisões mais controversas foi a do ex-presidente Michel Temer. A decisão inclui termos como "possivelmente, provavelmente, bastante plausível", que, para os críticos, indicam não haver provas concretas que justificariam a medida.

Ao longo desses anos como juiz titular da 7ª Vara Criminal Federal no Rio, ele colocou no banco dos réus e condenou a penas severas empresários, doleiros de larga influência e políticos de agremiações diversas.

Grandes operações de combate à corrupção passaram pelas mãos do magistrado. Na condução do braço carioca da Lava Jato, as penas que Bretas atribuiu ao ex-governador Sérgio Cabral (MDB) somam mais de 300 anos de prisão.

Deputados da Assembleia Legislativa do Rio também estiveram na sua mira na Operação Furna da Onça, cujas investigações revelaram um esquema de 'mensalinho' em favor de Cabral, além de lavagem de dinheiro e loteamento de cargos públicos. Um desdobramento dessas investigações revelou o suposto esquema de 'rachadinhas' no gabinete do senador Flávio Bolsonaro.

Estadão
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