Procuradores protestam contra escolha de Aras para PGR
Com faixa na mão e cartazes colocados na porta do Ministério Público Federal do Rio de Janeiro, cerca de 25 procuradores da República fizeram uma manifestação, nesta segunda-feira, contra a escolha de Augusto Aras para chefiar a Procuradoria-Geral da República. O ato durou menos de meia hora, mas contou com a presença de alguns membros da força-tarefa da operação Lava Jato no Rio de Janeiro.
A faixa estendida pelos procuradores defendia a independência do MPF e a escolha do procurador-geral via lista tríplice eleita pela categoria e entregue ao presidente Jair Bolsonaro. Os cartazes defendiam o combate à corrupção e a punição dos corruptos. Uma carta da Diretoria da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) também foi lida durante a manifestação.
"Hoje, a carreira se mobiliza para defender, publicamente, as bandeiras da autonomia do Ministério Público, da independência de seus membros e da manutenção do mecanismo democrático de escolha de suas funções mais relevantes, a partir da participação e eleição dos seus pares, cientes de que essas são garantias fundamentais estabelecidas, ao fim e ao cabo, em favor da própria sociedade brasileira", diz a carta.
Os procuradores disseram estar preocupados com a escolha de Aras e que ficarão vigilantes com o trabalho que será feito pelo novo PGR.
"O que sabemos é que o presidente tem um PGR, mas o MPF não tem", disse a jornalistas o procurador Blal Dalloul, 3º colocado na lista tríplice. "Não vamos aceitar que nossa categoria seja arranhada", continuou Dalloul. "O PGR é procurador-geral, mas não é soberano e não vamos ficar calados se a PGR virar um balcão de negócios."
Preocupações com o futuro da operação Lava Jato também permearam o ato desta segunda. "A indicação fora da lista deixa um vácuo de liderança e nossa preocupação vai para além da Lava Jato. Nos preocupa a perda de legitimidade", afirmou o procurador da Lava Jato, Sérgio Pinel.
A indicação de Aras foi formalizada por Bolsonaro na quinta-feira passada. Para assumir o cargo, ele passa por uma sabatina na Comissão de Constituição e Justiça do Senado e precisa ainda ter seu nome aprovado pelo plenário da Casa. Nesta segunda-feira, Aras se reuniu com a atual procuradora-geral, Raquel Dodge, cujo mandato se encerra no dia 17.