Professora bolsonarista dispensa alunos de esquerda: "Estão comigo ou contra mim"
Docente da Universidade Federal do Amapá afirmou que não orientaria alunos doutorandos por serem apoiadores do presidente eleito, Lula (PT)
Uma professora universitária bolsonarista dispensou alunos doutorandos do curso de Farmácia, com a justificativa de que "não queria esquerdistas" no laboratório da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP). As mensagens da educadora foram divulgadas pela União Nacional dos Estudantes (UNE) e tiveram grande repercussão nas redes sociais. A instituição de ensino repudiou a atitude da docente.
Na mensagem, a professora Sheylla Susan avisa a dois estudantes que eles terão que buscar outro orientador.
"Procurem outro professor para orientar vocês. Amanhã estarei entregando a carta de desistência da orientação de vocês. Não quero esquerdistas no laboratório. Portanto, sigam a vida de vocês, e que Deus os abençoe. Se tiver mais algum esquerdista, que faça o favor de pedir desligamento. Ou estão comigo ou contra mim", escreveu ela.
A postura da docente foi criticada por muitos alunos, que pediram a exoneração da professora.
"Absurdo! Totalmente inaceitável essa situação", comentou uma estudante.
Em seu perfil no Instagram, Sheylla já fez publicações negacionistas sobre a pandemia, criticando as medidas adotadas para conter a doença. Apesar de a profissional ministrar aulas na área da Saúde, uma postagem em que ela criticava a vacina foi classificada como fake news pela rede social, assim como outras publicações relacionadas a política.
Declarada apoiadora de Jair Bolsonaro (PL) nas redes sociais, a docente tem diversos posts com ataques ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e críticas à idoneidade do sistema eleitoral, se mostrando a favor do voto impresso. Dentre suas diversas críticas ao PT, a educadora já comparou Lula a Adolf Hitler em um post.
A reitoria da UNIFAP se pronunciou sobre o ocorrido e classificou a conduta de Sheylla como "assédio".
"A Universidade Federal do Amapá tomou conhecimento por meio das redes sociais de um fato caracterizado como assédio, desta forma, vem à público mostrar sua indignação e contrapor toda e qualquer forma que reprima o pensamento ou liberdade de nossos acadêmicos e servidores", escreveu a instituição.
A universidade também informou que irá apurar o caso e tomará as medidas cabíveis. "Registra-se que a UNIFAP não concorda com tal conduta e os fatos estão sendo apurados, bem como serão adotadas as providências necessárias após as devidas apurações", acrescentou na nota.
Professora postou pedido de desculpa
Na tarde desta quinta-feira, 3, a professora postou um pedido público de desculpa em seu perfil em uma rede social. Confira na íntegra:
"Pedido Público de Desculpa.
Eu, Sheylla Susan, professora efetiva do Curso de Farmácia da Unifap, venho manifestar acerca dos fatos ocorridos em um grupo de WhatsApp que envolve dois alunos, meus orientados.
De início, cabe esclarecer que sou ser humano como qualquer outra pessoa capaz reproduzir sentimentos instantâneos.
Dessa forma, no calor das eleições, acabei me excedendo nas palavras onde disse para dois alunos que procurassem outro Orientador.
No entanto, minha missão como professora não acolhe esse tipo de conduta, posto que dediquei a minha vida pela educação.
Não serve preferência política, por razões pessoais, para segregar alunos e deixa-los a própria sorte.
Meus alunos são as peças mais importantes do binômio Aluno/Professor.
Assim, assumo que me excedi nas palavras e peço desculpas pelo ocorrido, as eleições passam e a educação fica!
Peço desculpas aos meus Alunos Líbio e Débora, à sociedade, bem como à Unifap".