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Política

PSL quer evitar que crise contamine apoio no Congresso

Partido teme que brigas no governo prejudiquem reformas; para deputada, Palácio 'não pode invadir a casa do presidente'

14 fev 2019 - 00h22
(atualizado às 07h39)
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A crise provocada por uma sucessão de brigas no governo de Jair Bolsonaro fez o PSL, partido do presidente, montar uma estratégia para impedir que o tiroteio contamine votações no Congresso, principalmente a reforma da Previdência. O plano, porém, mostrou que a sigla continua dividida e o governo, bastante fragilizado.

Carlos Bolsonaro disse que secretário-geral da Presidência da República, Gustavo Bebianno, mentiu sobre contatos com o presidente
Carlos Bolsonaro disse que secretário-geral da Presidência da República, Gustavo Bebianno, mentiu sobre contatos com o presidente
Foto: Reprodução Instagram/Carlos Bolsonaro e Dida Sampaio/Estadão / Estadão Conteúdo

Enquanto a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) afirmava que não pode haver um "puxadinho" da família do presidente com o Palácio do Planalto, o líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (GO), defendia a divulgação das divergências pelas redes sociais. "Aqui todo mundo fala as coisas na lata", argumentou ele, tentando mostrar que o PSL vai imprimir um "novo estilo" na política. "Não fazemos acordos às escondidas, como era antes."

Para Joice, porém, o vereador Carlos Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente, abalou o governo do próprio pai ao fazer acusações contra o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno. "É uma coisa de louco. É inimaginável uma coisa dessas. Tem que ter separação. Casa do presidente é uma coisa, palácio é outra. O Palácio (do Planalto) não pode invadir a casa do presidente. Não pode ter puxadinho", criticou ela.

Na avaliação da deputada, os rumores de que irregularidades em candidaturas do PSL poderiam provocar a queda de Bebianno - ex-presidente do partido - não apenas expõem o ministro como todo o governo. "Quem pode fazer crítica pública é o próprio presidente da República", insistiu Joice.

Mais cedo, Carlos tinha chamado Bebianno de mentiroso. Em mensagem postada no Twitter, o vereador disse que o ministro com assento no Planalto não havia conversado três vezes com Bolsonaro sobre como candidaturas do PSL foram financiadas na campanha de 2018.

"O Bebianno andou a campanha inteira ao lado do Bolsonaro. Os dois sempre tiveram total confiança um no outro, pelo menos até aqui. Na presidência do PSL, o Bebianno fazia o estilo rainha da Inglaterra, que reina, mas não governa", disse Joice.

O presidente do PSL, deputado Luciano Bivar (PE), se recusou a comentar acusações envolvendo candidaturas do partido. O Estado apurou que Bebianno e ele protagonizam uma disputa de bastidores, mas, em público, não demonstram as desavenças. "Bebianno sempre foi correto na administração do PSL e não me consta que à frente do ministério tenha ocorrido qualquer problema", amenizou Bivar.

Depois de muitas conversas políticas, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, foi orientado a não esticar a polêmica. "Eu prefiro me resguardar no silêncio."

Na tribuna da Câmara, porém, o deputado Alexandre Frota (PSL-SP) lembrou casos de corrupção no PT para dizer que em seu partido o tratamento será diferente. "Seja quem for - ministro, secretário ou deputado -, laranja podre aqui vai pagar. Ao contrário do PT, nós não passamos a mão na cabeça de bandido." / COLABOROU RAFAEL MORAES MOURA

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