PT costura acordo com Feliciano e Jean Wyllys na vice da CDH
Bancada evangélica ficaria com primeira vice-presidência para viabilizar eleição de deputado do PT
Deputados do PT e da bancada evangélica costuram um acordo para colocar os deputados Marco Feliciano (PSC-SP) e Jean Wyllys (Psol-RJ) nas vice-presidências da Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Câmara para viabilizar a eleição de Paulo Pimenta (PT-RS) à presidência do colegiado. Pastor evangélico, Feliciano presidiu a comissão entre 2013 e 2014, uma gestão marcada por pautas consideradas homofóbicas.
O acordo ocorre depois da tentativa do pastor Sóstenes Cavalcante (PSD-RJ) lançar candidatura avulsa para a presidência da comissão. O pedido de registro foi negado pela comissão, e o líder do PSD, Rogério Rosso (DF), inviabilizou o desejo do deputado ao retirá-lo da titularidade da comissão.
Por acordo entre líderes partidários levando em conta a proporcionalidade da Câmara, cabia apenas ao PT indicar o presidente da comissão. Mas, como os deputados evangélicos são maioria, poderiam rejeitar o nome de Paulo Pimenta. A eleição estava marcada para esta quarta, mas não pode ocorrer ao mesmo tempo que a sessão deliberativa do Congresso Nacional de hoje, que deve se estender até a noite.
A reunião da CDH foi encerrada na semana passada sem iniciar a votação. O deputado Assis do Couto, que presidia os trabalhos, rejeitou a candidatura do pastor, mas o nome do presidente não foi definido.
O acordo com os evangélicos prevê que duas vagas de vice, entre as quais a primeira vice, fiquem com deputados religiosos, enquanto a outra seria destinada ao deputado Jean Wyllys (Psol-RJ), que não é titular na comissão, mas poderia ocupar uma vaga cedida por outro partido. Homossexual e ativista dos direitos LGBT, o deputado do Psol abandonou a comissão quando o pastor foi eleito presidente em 2013.
Feliciano disse que ajuda a colocar o deputado do Psol em uma das principais vagas da CDH. “Sempre estive aberto ao diálogo. Quem abandonou a comissão foram eles”, disse.
Na gestão de Feliciano, a comissão chegou a aprovar o projeto que ficou conhecido como “cura gay”, posteriormente arquivado pela Câmara.