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Política

PT não discutiu pré-candidatura de Haddad ao Planalto

Dirigente petista diz que nome do ex-prefeito não é consenso no partido, mas que 'não dá para ficar esperando Lula'

14 fev 2021 - 05h10
(atualizado às 09h05)
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RIO - A Comissão Executiva Nacional do PT não discutiu formalmente o lançamento de Fernando Haddad como pré-candidato à Presidência da República, segundo o vice-presidente nacional do partido, Washington Quaquá. A decisão "solitária" do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria seguido uma lógica oficial: o partido não poderia repetir 2018 e atrelar suas decisões ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Fernando Haddad participa do primeiro dia de evento em comemoração aos 40 anos do Partido dos Trabalhadores (PT), no Circo Voador, na Lapa, Zona Central da cidade do Rio de Janeiro (RJ)
Fernando Haddad participa do primeiro dia de evento em comemoração aos 40 anos do Partido dos Trabalhadores (PT), no Circo Voador, na Lapa, Zona Central da cidade do Rio de Janeiro (RJ)
Foto: Gleisi Hoffmann/TWITTER / Estadão Conteúdo

O novo movimento de Lula se deu sob expectativa de futura decisão da Corte sobre a conduta do então juiz Sérgio Moro no processo do triplex do Guarujá (SP). Na sentença, ele condenou o petista a nove anos e seis meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Se decidir pela suspeição do agora ex-magistrado, o STF pode tirar um obstáculo - não o único - para que o petista dispute a eleição de 2022. Mas não há garantia disso.

"Se Lula for reabilitado será o candidato", disse Quaquá. "Mas também não dá para ficar esperando como em 2018. Somos alternativa de poder. Precisamos organizar a campanha."

Quaquá afirmou que havia um consenso no comando do PT sobre a necessidade de definir já uma pré-candidatura. Sabe-se, porém, que o nome de Haddad não é consensual. Mesmo o processo de escolha - um ato pessoal do ex-presidente - é alvo de críticas reservadas na legenda. Mas, para o vice-presidente, o ex-prefeito de São Paulo, por enquanto, pode começar contatos para ocupar espaço, construir palanques estaduais, conversar com o empresariado, circular no meio político, dialogar com movimentos sociais.

Em 2018, com Lula preso em Curitiba, Haddad teve seus movimentos limitados, enquanto os adversários podiam, por exemplo, participar de debates. Lula insistiu em aguardar uma decisão favorável do Supremo, que não veio. Somente em setembro, a pouco mais de um mês do primeiro turno, o ex-presidente desistiu, e o ex-prefeito pode fazer campanha livremente. Àquela altura, o então presidenciável Jair Bolsonaro, que já liderava, ganhou mais projeção com o atentado a faca de que foi vítima em Juiz de Fora (MG).

Espera-se também que o pré-lançamento de Haddad ajude a melhorar a situação jurídica do ex-presidente. A possibilidade de que uma decisão do STF devolva a Lula a possibilidade de concorrer à Presidência gerou pressões sobre a Corte. A entrada de Haddad ajudaria a sinalizar ao Supremo que poderia decidir com tranquilidade o destino do ex-presidente, que assim desistiria de disputar o Palácio do Planalto. Quaquá, no entanto, não admite esse raciocínio. Classifica como "especulação" ligar a decisão de Lula à sua situação no Supremo.

Atividades

Por causa da pandemia, Haddad vai começar com atividades fechadas, com pouca gente, transmitidas pela internet. O ex-prefeito tem se reunido com deputados do PT. A ideia é promover conversas por região e Estado.

"Precisamos nos reconectar com o empresariado que tem relação com o mercado interno e com o eleitor de centro, para formar maioria, ganhar e governar", disse o dirigente. Segundo ele - que ressalta ser "sua opinião" - uma opção para candidata a vice seria a empresária Luiza Trajano. "Eu acho uma super chapa: Haddad/Luiza Trajano."

Estadão
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