Quais são as apostas da direita para ocupar 'vácuo' de Bolsonaro; veja a lista
Tarcísio, Zema, Michelle e Flávio são nomes cotados para sucessão do ex-presidente; Bolsonaro está inelegível por decisão do TSE
BRASÍLIA - O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se tornou inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e, com isso, está aberta a disputa na direita pelo espólio do ex-presidente. Nomes como dos governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, e Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, despontam como fortes candidatos a ocupar o "vácuo" deixado pelo ex-chefe do Executivo. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho "01?; a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e o general da reserva Walter Braga Netto, candidato a vice na chapa derrotada nas eleições passadas, também são cogitados para substituir o ex-presidente no grupo bolsonarista em 2026.
Bolsonaro se tornou inelegível por oito anos em julgamento no TSE, finalizado nesta sexta-feira, 30. O ex-presidente foi condenado por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação por causa da conduta dele no período pré-eleitoral. Em julho de 2022, se reuniu com embaixadores no Palácio da Alvorada. Na ocasião, o então presidente fez críticas aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e da Corte eleitoral e ainda colocou sob suspeita o sistema eleitoral brasileiro, sem apresentar provas.
Para o doutor em Ciência Política pela Universidade de Brasília (UnB), Leandro Gabiati, a ausência de Bolsonaro nas urnas não significará um ex-presidente fora das eleições. "Ele deixará de ser um candidato, mas passará a ocupar o espaço de um orientador político", disse.
O papel dele, no entanto, precisará ser avaliado pelo futuro candidato da direita à Presidência, segundo o cientista político Thiago Valenciano, da Universidade Federal do Paraná (UFPR). "O sucessor de Bolsonaro deve ponderar o quão positivo é estar ao lado de Bolsonaro para angariar todos os votos e o quão positivo é estar distante do Bolsonaro para também não atrair uma rejeição."
Veja os nomes cotados, citados por lideranças bolsonaristas e especialistas ouvidos pelo Estadão.
Tarcísio de Freitas (Republicanos)
Dos três filhos de Jair Bolsonaro que possuem cargos políticos, o senador Flávio Bolsonaro é considerado com maior projeção para concorrer à Presidência. Senador da República desde 2019, é uma figura da oposição ao governo Lula presente em importantes colegiados do Senado. Ele é titular na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e suplente na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos de 8 de Janeiro.
Para Valenciano, Flávio, por herdar o sobrenome do ex-presidente e ocupar a cadeira na Casa, pode ser uma alternativa da direita para preencher o "vácuo" deixado por Bolsonaro. "Aponto que ele possa ocupar esse espaço do pai."
Flávio foi cogitado para disputar a Prefeitura do Rio, em 2024, mas o nome dele foi barrado por Bolsonaro.
Braga Netto (PL)
O general da reserva Walter Braga Netto (PL) é outro apontado como possível sucessor do ex-chefe do Executivo. Vice na chapa derrotada nas eleições passadas, sempre foi considerado um "cumpridor de ordens". No governo Bolsonaro, atuou como ministro da Casa Civil, em 2020, e da Defesa, em 2021.
Ele foi um dos poucos oficias militares da reserva que passaram pela gestão sem perder a confiança do então presidente e seus filhos. Em novembro passado, após o pleito, Braga Netto demonstrou simpatia pelo movimento que preparava um golpe. "Vocês não percam a fé, tá bom? É só o que eu posso falar pra vocês agora", disse o militar a simpatizantes que defendiam, na portaria do Palácio da Alvorada, uma intervenção militar. Declarações de apoio ao golpe e em defesa da ditadura podem afastar dele o eleitorado de fora do bolsonarismo.
No último dia 16, Braga Netto falou pela primeira vez como pré-candidato do PL à Prefeitura do Rio, cargo para o qual tem o apoio de Bolsonaro.
Ratinho Jr. (PSD)
Seguindo uma linha mais moderada, o governador do Paraná, Ratinho Jr. (PSD), reeleito em 2022, é um nome que surge mais discretamente na disputa pelo espólio de Bolsonaro. Mesmo sendo filiado ao PSD, que faz parte da base do governo Lula com três ministérios, declarou apoio a Jair Bolsonaro no segundo turno das duas últimas eleições presidenciais. Depois da vitória do petista, declarou que fará oposição ao governo, mantendo "relacionamento institucional".
Ratinho Jr. se coloca como um "candidato do centro e do anti-extremismo" e pode ter o seu conhecimento nacional impulsionado pela fama de seu pai, o apresentador de televisão Carlos Massa, o Ratinho. "Em um País com fissuras e rupturas na democracia, o desafio dele é angariar esse eleitorado, além de popularizar o nome no País", disse o cientista político Thiago Valenciano.